segunda-feira, 20 de abril de 2015

quanto valem cinco reais?

eu sou mãe tirana?
mais ou menos.
sou chata?
um bom tanto.
sou dura?
sempre tem um avô ou avó me reprovando e dizendo que sou exigente demais.
mas meu bem, sou mãe, sou ser humano, e tô aprendendo.

acontece que, acredito eu, que isaac, já nos seus quase sete anos, tem sim que sentir a aguinha bater no popozinho lindo da mamãe.
explico.
a vida é feita, repleta, construída de acordo com as responsabilidades que temos.
e em qualquer idade, a gente tem que a prender a lidar com elas.

então, atualmente, isaac aprende que tem suas obrigações.
e se não lida com elas, sofre as consequências.
coisa básica.
guardar o tênis quando chega da escola, colocar a roupa suja no lugar certo, retirar o prato da mesa, fazer a tarefa da escola, cuidar dos livros e organizar os próprios brinquedos.
pego no pé.
ele bufa, reclama.
mas eu aguento.

aguento até ele brigar, dizendo que a culpa é minha quando não acha algo, quando se perde na própria desorganização.
não fico louca, não piro, mas tenho a certeza de que é nos pequenos acontecimentos que conseguimos ensinar os pequenos.

e na última semana, tive a oportunidade. e agarrei.
isaac tem dna de traça.
se enfia no meio dos livros e pode viver por alí por dias, semanas.
então, que receber este ano o benefício de trazer um livro a mais para casa no final de semana foi uma alegria sem tamanho,
e ele traz o livro.
com data certa para devolução.

e no meio de tantos, o livro em questão foi deixado um pouco de lado.
e a mãe neurótica avisava todos os dias quantos dias faltavam para a devolução.
logo o dia chegou.
o que aconteceu?
a mãe enfiou o livro na mochila?
não.
a mãe avisou que o livro deveria ir pra mochila.
ele ouviu e colocou?
nãããão.
ele saiu da escola todo irritado por que eu não havia colocado e então era preciso pagar multa.

- ok, isaac, você pega o dinheiro do seu cofrinho para pagar a multa,

choro, indignação, bico, horror, reclamações.

- mas foi você que não colocou o livro na mochila! Cinco reais é muito dinheiro! e eu estou guardando para comprar um jogo novo!

só faltou "vc é um monstro! uma velha louca! está me explorando!"
e de forma calma eu respondo:

- fui eu quem decidiu emprestar o livro? escolhi o livro? pedi o livro? a escola é minha? a mochila é minha?

ele emburra mais ainda e solta vários nãos entre os dentes.

- então, meu filho. quem é que tem a responsabilidade sobre o livro e tudo o que vem com ele?

mais resmungo, mais choro, mais mais mais.
explico que avisei da data, que sabia da data, sabia da multa, mas quem deveria aprender sobre tudo aquilo é ele.
que o valor da multa, os cinco reais, seriam pouco se ele realmente aprendesse a não atrasar mais os livros, se percebesse que já pode agarrar suas responsabilidades, aquelas que crianças de seis anos conseguem e devem ter.
e que, principalmente, não tenho culpa alguma. pois não tenho mesmo.

aceitou muito não, mas aguardo cenas...

Um comentário:

Ingrid Faria disse...

Carol você está certíssima!! Faria o mesmo que você e aliás isso me lembrou de uma cena bem parecida, quando a Ingrid minha filha, esquecia de levar algum livro para a escola (de dever de casa) e me culpava porque eu não tinha colocado, como se a culpa fosse minha. Aproveitava logo a oportunidade para mostrar que não é assim.
E aos poucos vamos mostrando não é mesmo? Todos nós sofremos as consequências de nossos atos
Beijos

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