tag:blogger.com,1999:blog-78137321679273002612024-03-13T14:49:36.333-07:00Viajando na MaternidadeCarol Garciahttp://www.blogger.com/profile/17943598835998459565noreply@blogger.comBlogger677125tag:blogger.com,1999:blog-7813732167927300261.post-46000938721457131372020-04-19T18:43:00.000-07:002020-04-19T18:43:29.055-07:00Isolados. Adolescentes.Seguimos.<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
É com a maior cara de pau e amor do mundo que sempre volto aqui.<br />
Já expliquei em vários e espaçados posts o que me faz ir e voltar e voltar menos do que gostaria e viver mais que teclar, bla bla bla, escreve deleta escreve deleta, ....<br />
Mas tem hora que eu to na vida, isso, vivendo, que eu penso “putsssss isso deveria estar no blog”.<br />
Então to aqui, mais um post, anos depois.<br />
<br />
Acontece que Isaac já fez onze anos.<br />
Cresceu, ficou cabeludo (e peludo, ele que não leia esse post até atingir maturidade suficiente pra esconder dos filhos dele e não vir brigar comigo), começou a falar palavrão e calça mais do que eu.<br />
Está adolescentando, exercendo os plenos direitos dele.<br />
Só que entre pelos, crises de humor, intensidade grau figurino da Elke Maravilha, temos um período denominado como isolamento social.<br />
<br />
Prometo não falar nada sobre isso. Sobre o isolamento.<br />
Mas eu tenho que registrar que, coleeeega, é processo de evolução que não se pode botar defeito.<br />
Pra mim e pra ele. Não sejamos injustos.<br />
Não há teoria ou fórmula que consiga explicar tal momento vital.<br />
É cada explosão que a gente não sabe nem de onde veio.<br />
<br />
Eu, mãe, tento me munir de santa paciência todo dia. Compreensão, coerência, sabedoria e graça.<br />
Cada “filho, vem aqui, vamos conversar” eu encaro como encarava carregar bombinha de festa junina no bolso do shorts.<br />
Encaro com aquele medo do assistir meu pai bater manga com leite no liquidificador. A gente tinha plena certeza que dalí sairia o poltergeist. Depois inventaram o espetáculo do refrigerante com a bala de menta e a manga virou só uma fruta, não um ovo de gremlin que não podia entrar em contato com lácteos a qualquer hora do dia.<br />
<br />
To divagando, eu sei, mas é muita coisa.<br />
Muito sentimento, muita dúvida, muita vontade de gastar o vale viagem no tempo que não existe.<br />
A gente tem que encarar. Com fé, garra e amor.<br />
Eu sei.<br />
Eu encaro.<br />
<br />
Mas também estou debutando né?<br />
Tirando a minha própria adolescência, conheci nenhuma outra.<br />
E trato aqui com um exemplar de outra geração, outra realidade, outros obstáculos a sobreviver.<br />
<br />
A escola é tudo o que ele pedia aos céus:<br />
On-line, em casa.<br />
Porém ele percebeu que não é tão legal quanto parecia.<br />
<br />
Os amigos, aqueles que a gente encontra todo dia faça chuva ou faça sol, não são mais diários.<br />
Se são, são a distância.<br />
E essa galerinha está penando um tanto pra entender que esbarrar com colega assim, ó, fisicamente, faz falta.<br />
<br />
Não da pra ir dormir na avó.<br />
Não da pra ir na casa do amigo.<br />
Natação? Esquece.<br />
Tênis? O clube tá fechado.<br />
<br />
Da raiva, da medo, da dúvida, frustra.<br />
E eu vou tentando, caindo, levantando.<br />
Pula armadilha, segura a ansiedade, num looping infinito.<br />
Buscando esse equilíbrio desequilibrado.<br />
<br />
Ele vai crescendo.<br />
Isolado.<br />
Adolescente/<br />
E eu junto. Crescendo junto. Com certeza.<br />
<br />
<br /></div>
Carol Garciahttp://www.blogger.com/profile/17943598835998459565noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-7813732167927300261.post-65003361673039469152017-06-11T23:29:00.000-07:002017-06-11T23:29:28.799-07:00Amor<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
Antes de começar este post preciso fazer algumas considerações:<br />
ok que hoje é dia dos namorado e falar de amor hoje me entrega ao clichê.<br />
Ok que falar que o filho é namorado da mamãe é coisa pra lá de estranha que me irrita desde sempre.<br />
E mais ok ainda qhe vai parecer pouco criativo:<br />
Mas acontece que eu mantenho isso aqui - mesmo que sem-vergonhamente - é pra todo tipo de momento e inspiração, então me deixa.<br />
<br />
...<br />
<br />
Isaac está beirando os nove.<br />
E isso faz dele uma pessoinha quase que completa no quesito emoção.<br />
Engatinha ainda em vários subtítulos do tema.<br />
(Eu mesma engatinho em muitos)<br />
Mas vai aprendendo como lidar com os motivos inexplicáveis e não-contáveis do existir.<br />
Sofre.<br />
Eu sofro.<br />
(Pq mãe sofre mesmo e ponto)<br />
Nós sofremos.<br />
Assim a vida segue no curso, tranco e barrancos, velejar que nos compete.<br />
<br />
Tá.<br />
Mas é aí, não sei em que coordenada espacial, que entra o sentimento maluco e nem sempre gratificante que é o amor.<br />
Lindo, mas nem tanto.<br />
Puro, mas às vezes.<br />
Completo... de dúvidas.<br />
<br />
Não minto.<br />
Mostro - sempre que consigo - que o amor é controverso.<br />
<br />
- filho, eu te amo, você é a coisa mais importante pra mim, mas eu sou mãe de merda às vezes é esqueço que tinha reunião na escola.<br />
<br />
- te amo e sou responsável por você. Desculpe, mas na próxima eu compareço.<br />
<br />
- filho, a mamãe tá um tanto chateada hoje. Te amo, mas ó, daqui uma horinha eu organizo as minhas ideias e estarei melhor.<br />
<br />
E ainda tem aqueles momentos em que eu preciso que ele saiba que o amor existe na vida dele.<br />
Mesmo que pareça que não.<br />
<br />
- isaac, você é muito amado, sabia?<br />
Quase sempre o safado fala que não pra ganhar cafuné e ouvir a mesma frase inúmeras vezes, sorrindo grato, respirando fundo.<br />
<br />
Enfim....<br />
<br />
Hoje ele estava particularmente cheio de amor pra dar.<br />
Disse que eu sou a melhor mãe do mundo (cof cof).<br />
Disse que eu sou muito amada e exato que é, já emendou com "você sabe muito bem disso".<br />
Disse que queria me abraçar pra sempre.<br />
<br />
Óbvio que derreto.<br />
Claro que deixo ele ver meus olhos transbordando.<br />
E digo ainda que sou muito grata pela minha vida.<br />
<br />
Mas hoje fiz do amor um ciclo infinito:<br />
<br />
- filho, sabe como a mamãe te ensina a amar?<br />
<br />
curioso que só, me olhou bem nos olhos e nem piscou aguardando o segredo do universo.<br />
<br />
- te amando.<br />
<br />
- é né, mãe?<br />
<br />
- eu só sei assim filho.<br />
<br />
- eu acho que que eu também.<br />
<br />
...<br />
<br />
<br /></div>
Carol Garciahttp://www.blogger.com/profile/17943598835998459565noreply@blogger.com10tag:blogger.com,1999:blog-7813732167927300261.post-53619490375717383262017-05-22T08:23:00.000-07:002017-05-22T08:23:16.463-07:00Sedentário de carteirinha<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
E então que não pari o Michael Phelps.<br />
Nem o Jordan.<br />
Muito menos um Beckham.<br />
<br />
Isaac é todo pensamento.<br />
Raciocínio.<br />
Troca qualquer brincadeira ao ar livre por um gibi.<br />
Se vamos ao parque ele sobe no ponto mais alto do brinquedo e fica lá a observar o tempo.<br />
<br />
E isso não é de agora não.<br />
É item de fábrica.<br />
Foi à natação resmungando até aprender a nadar, aí perdi os argumentos.<br />
Judô enquanto achou engraçado, aí não havia faixa que o segurasse no esporte.<br />
Arco e flecha, pilates, basquete, tecido circense.<br />
Ele mostra interesse e a gente imagina que a próxima será a escolhida.<br />
Até pode ser, mas por hora, por tempo limitado.<br />
<br />
O negócio da criança é robótica, xadrez, lógica, videogame, livros e livros e livros e livros.<br />
<br />
Não acho ruim não.<br />
Acho lindo.<br />
Mas é que a gente tem que achar um equilíbrio nisso tudo.<br />
<br />
Atualmente Isaac escoheu o tênis.<br />
Isso.<br />
Raquete, bolinha e professor querido.<br />
Vamos indo.<br />
Tivemos período de yoga, mas como a mestre foi meditar em outro canto do mundo... damos um tempo.<br />
<br />
Mas não pense que é uma coisa assim "yupiiiii hoje tem tênis".<br />
Ele até vai, mas mais naquelas...<br />
E eu sempre arrumo uma brecha pra falar do fortalecimento físico.<br />
Metáforas, parábolas, poesias, músicas, diálogos, monólogos.<br />
Ele sempre no jeito e no tempo dele.<br />
E eu me encaixando, tipo uma gladiadora encarando uns leões.<br />
<br />
Aí que no meio desses papos ele judia:<br />
<br />
- mãe... sabe qual é o músculo mais forte de todos?<br />
<br />
Confesso que na hora assim, só pensei em valorizar o exercício e respondi que, para um tenista, eu achava que era um músculo ligado ao ombro...<br />
Ele me lascou aquele olhar de reprovação e de maneira bem seca querou minhas pernas fracas:<br />
<br />
- o cérebro. LÓ-GI-CO.<br />
<br />
...<br />
<br /></div>
Carol Garciahttp://www.blogger.com/profile/17943598835998459565noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7813732167927300261.post-71758357259521787492017-05-21T11:06:00.001-07:002017-05-21T11:06:33.609-07:00O cachorro do Kid Vinil<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
Eu tinha uma porçao de tópicos a abordar por aqui.<br />
Faz tempo que a gente não se fala neste canal...<br />
Faz tempo que não atualizo a história do Incrível Isaac via internet.<br />
Por aqui tudo bem.<br />
Criança crescendo, evoluindo.<br />
Lindo.<br />
<br />
Mas acontece que o Kid Vinil me resolve cantar em outra freguesia.<br />
Que é mais interessante ser boy em outro plano.<br />
E, nesse tempo maluco e apressado, o tic tic nervoso cantado em casa vai me render outras explicações.<br />
<br />
Só que - se você me conhece já sabe bem onde vai dar - além do além pra onde foi Kid, temos o Cosmo.<br />
Para! Longe de mim estabelecer aqui figuras e cenários religiosos.<br />
Cosmo é o cachorro do Kid Vinil.<br />
Que se já não bastasse ter uma cara de companheiro de vida, foi levado a dar adeus ao dono no velório.<br />
E foi fotografado de todas as maneiras que eu aqui não tô sabendo lidar internamente.<br />
<br />
Tô aqui, quieta no sofá, ligando os pontos todos.<br />
Keith Richards, nossa schnauzer está bem debilitada devido a diabetes.<br />
Já está completamente cega, coração fraco, alimentação restrita, medicamentos diários.<br />
Não está fácil ser Keith.<br />
(e antes que você me corrija, siiim, eu sei que o Keith é homem e que a Keith aqui é fêmea, mas pra mim faz todo o sentido. to-do)<br />
E Kid era diabético.<br />
<br />
Iron Maiden, nosso schmauzer, está velho,<br />
Já não escuta direito, não corre mais atrás do Isaac.<br />
Dorme o dia todo.<br />
Enfim... a barba que era branca passou pra um amarelo senil.<br />
<br />
E no meio disso tudo tem o Isaac.<br />
E tem eu também tentando ser uma pessoa melhor e uma mãe mais centrada a cada dia.<br />
Continuo viajando, como deu pra perceber com esse texto amalucado.<br />
<br />
Enfim...<br />
Diabetes, focinhos esbranquiçados, doenças, tempo.<br />
Jogue tudo no liquidificador supersônico que é a cabeça de uma mãe.<br />
<br />
É isso que dá... um desabafo desconexo de quem acha mais fácil falar sobre sexo do que sobre morte.<br />
<br />
A seguir cenas...<br />
<br />
<br /></div>
Carol Garciahttp://www.blogger.com/profile/17943598835998459565noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7813732167927300261.post-67031668891688295312017-02-09T00:05:00.000-08:002017-02-09T00:05:00.028-08:00Eu tive um sonho...<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
Peraí!<br />
Não dá pra chamar de sonho algo que te arrebenta a noite e não traz uma sensaçãozinha boa sequer.<br />
Acompanha comigo.<br />
<br />
Chego eu e Isaac a um lugar lindo, bem equipado, buscando novo professor de yoga (a nossa vai bater asas em breve - buaaaaaaaaa).<br />
Todo mundo simpático, se ajudando, humor lindo.<br />
Quando de repente começam a chegar pessoas conhecidas.<br />
Todas com crianças.<br />
Meninas, meninos, tudo com idade próxima.<br />
<br />
O barulho peculiar infantil.<br />
O barulho peculiar materno.<br />
O caos instalado.<br />
<br />
Fico na minha, ajudando a tirar uns balões do teto (oi?), quando isaac - que estava brincando, já que yoga ali, passou loooonge - surge irritado, perseguido por duas meninas.<br />
<br />
Peço que ele respire fundo e me conte o que está acontecendo.<br />
O silêncio peculiar do isaac.<br />
A risadinha peculiar de quem tá sacaneando.<br />
O olhar peculiar materno.<br />
<br />
Fiquei esperta.<br />
Logo vejo isaac com a mão nos olhos, é uma das meninas gargalhando.<br />
Um soco, de direta. Muito bem dado.<br />
<br />
O pedido de socorro peculiar infantil.<br />
O pensamento peculiar materno.<br />
Aquele que peculiarmente não podemos colocar em prática/<br />
<br />
Veio a menina e deu outro soco.<br />
E outro.<br />
E outro.<br />
Isaac não reagia.<br />
<br />
Acordei num pulo!<br />
Respiração ofegante.<br />
Tomei um gole d'água.<br />
Durmo de novo e ela lá.<br />
Sonharia com satanás se pudesse escolher.<br />
<br />
Acordei de novo.<br />
E de novo.<br />
E de.novo.<br />
Puta! Olha a hora!<br />
Essa menina deveria estar dormindo!<br />
<br />
Dormi e lá estava ela, rindo da minha cara.<br />
Quatro e meia da manhã tomei uma atitude.<br />
Voltei a dormir.<br />
Rezei pra que a mãe daquela criatura levasse ela pro balé e não pra yoga.<br />
Que ela não estivesse mais ali.<br />
<br />
Mas estava.<br />
E eu puxei tanto o cabelo daquela filhadaputa!<br />
E ensinei ao isaac golpes pela últimas vez usados durante o meu período de gordinha sobrevivendo aos primos mais velhos.<br />
Última vez usados na imaginação da gordinha filha da professora sobrevivendo aos coleguinhas da escola.<br />
E, de sonho, fiz o novo roteiro do Tarantino.<br />
<br />
Dormi?<br />
Lógico que não!<br />
Depois do alívio virtual vem uma culpa, menina....<br />
Uma culpa.<br />
<br />
....</div>
Carol Garciahttp://www.blogger.com/profile/17943598835998459565noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7813732167927300261.post-63803082244845970892017-02-08T10:12:00.000-08:002017-02-08T10:16:11.610-08:00Bê u ene dê a.<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
faz tempo que vc que me acompanha sabe que sou boca suja.<br />
Verbalmente despudorada.<br />
Criação vocabular livre.<br />
Com os benefícios e malefícios, faço o uso de certas palavras que deixam muita gente se olhos arregalados.<br />
Incluindo meu filho - aquele garotinho de oito anos - que me repreeende a cada putamerda proferido.<br />
Enfim...<br />
Toda essa introdução pra falar sobre a poupança, a buzanfa, a traseira, o popô, a anca, as nádegas.<br />
A minha?<br />
A sua?<br />
A nossa?<br />
Não!<br />
A bunda que falamos hoje é iluminada, superior e suprema.<br />
<br />
Pausa<br />
Acontece que ouvir assim, da boca do seu filho a palavra bunda, aqui é um evento.<br />
Despausa<br />
<br />
E lá vem o causo, estava eu dirigindo dia desses, isaac no banco de trás mirando a paisagem.<br />
<br />
- olha mae! Olha a lua!<br />
<br />
- olha a lua? Cadê?<br />
<br />
- ali ó!<br />
<br />
- Olha só!!!! E tá parecendo com o que essa lua hoje, isaac?<br />
<br />
...<br />
<br />
Silêncio.<br />
Aquele que faz a gente morrer de curiosidade, depois de orgulho, de vergonha ou de rir internamente.<br />
<br />
<br />
- pensando bem, mãe, a lua pode ser a bunda de Deus.<br />
<br />
Acompanhei o raciocínio viu?!?! Pode parecer maluquice, mae acompanhei.<br />
<br />
- a bunda de Deus?<br />
<br />
- é.<br />
<br />
- mas me diz, tem dia que ele tá mais tímido e mostra menos, depois mais um pouco e tem dia que tá desavergonhado e mostra tudo assim, bem cheia?????<br />
<br />
Ele riu né?<br />
Depois me olhou com aquela cara "essa velha não leva nada a sério" e riu mais um pouco.<br />
<br />
....<br />
E aí veio outro silêncio.<br />
<br />
- se fosse, ia ser uma bunda bem feia.<br />
S<br />
E ficou ali, visualizando uma bundona beeeeem grande, branca e repleta de crateras.<br />
<br />
E eu morri.<br />
Como sempre.<br />
De amor e de rir (internamente)<br />
<br />
..:<br />
<br />
<br />
<br />
<br /></div>
Carol Garciahttp://www.blogger.com/profile/17943598835998459565noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7813732167927300261.post-67281356213017397102017-01-04T13:49:00.000-08:002017-01-04T13:49:18.933-08:00Nocautes<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
Sabe a Ronda?<br />
Mas não aquela Ronda. Dos áureos tempos.<br />
To falando da atual.<br />
A do último UFC do ano?!?! Sabe?!?<br />
Então.<br />
To fazendo cosplay de Ronda.<br />
Nao tenho me enfiado em briga e arte marcial não faz meu gênero.<br />
Acontece que tenho um filho de oito anos.<br />
Menino.<br />
DNA estabanado.<br />
E a realidade se tornou outra.<br />
Sabe aquela corridinha que seu bebê dava em sua direção e te fazia o ser mais feliz e completo de todos os mundos?!?!<br />
Vixi... ficou ali, de lado, junto com as unhas do meu dedinho do pé.<br />
A tal corridinha continua terminando num abraço. Mas entre a corridinha e o abraço temos aí posso, uma trombada, um soco acidental nos peitos é uma cabeçada no queixo.<br />
Puxões de cabelo acidentais. Fato.<br />
Peça de lego no olho. Quase sempre.<br />
Chute na boca durante as brincadeiras no sofá? Opa!<br />
E se for dia de cama compartilhada então.... não consigo nem explicar os golpes.<br />
Tudo fruto do mais puro amor e carinho.<br />
Mas a regra é clara, Arnaldo.<br />
Pediu desculpa, viu como estão os feridos, tudo começa de novo.<br />
<br /></div>
Carol Garciahttp://www.blogger.com/profile/17943598835998459565noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7813732167927300261.post-70256836903285263102017-01-02T18:56:00.003-08:002017-01-02T18:56:50.096-08:00ÓeuAquiTraveis!<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
Longe de mim fazer promessas vazias.<div>
Nem vou arriscar falar que vou alimentar esse canto aqui com novidades todos os dias.</div>
<div>
Mas também já aviso que não vou largar o osso.</div>
<div>
Acho tão lindo isso aqui assim, vintage.</div>
<div>
Do jeito que era laaaaaaa no começo.</div>
<div>
Mesmo layout, mesmo isaac correndo piquitico.</div>
<div>
Mesmo eu ainda achando a maternidade uma montanha-russa.</div>
<div>
Só que tão diferente e menos apavorante.</div>
<div>
(Mentira! Ainda fico maluca de medo com algumas coisas mas o bom humor me protege)</div>
<div>
Mesma culpa materna.</div>
<div>
Agora com eco e em diversas formas, tamanhos e cores.</div>
<div>
A mesma loucura, as mesmaas duvidas e outras novas, os mesmos ataques de choro ou do riso.</div>
<div>
É um ano novinho cheio de paginas em branco.</div>
<div>
Fiquei longe daqui quase que um ano inteiro.</div>
<div>
E tanto aconteceu nesse período.</div>
<div>
Hoje retomo.</div>
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Amanhã não sei.</div>
<div>
Feliz 2017 pra nós!</div>
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<br /></div>
<div>
Ps.: Isaac está com oito anos, bem mais que um metro, franja caindo no olho e uma personalidade que delicia e assusta ao mesmo tempo.</div>
</div>
Carol Garciahttp://www.blogger.com/profile/17943598835998459565noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7813732167927300261.post-80575611662692881242016-06-15T13:26:00.000-07:002016-06-15T13:26:17.512-07:00cabelos<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
eu.<br />
logo eu que tenho um vício maluco em cortar o cabelo.<br />
logo eu que num belo dia adolescente troquei as madeixas pela cintura por um curtinho cortado à máquina.<br />
logo eu que nunca, nunquinha, fui adepta do "só dois dedinhos".<br />
logo eu que só vivo de shampoo e condicionador, sem pente, sem hidratação, sem escova, sem secador.<br />
sim, eu.<br />
pari criatura que não só está com cabelo quase maior que o meu como também tá numa neura de que "se o barbeiro cortar demais eu nunca mais piso lá".<br />
sério.<br />
isaac resolveu, aos sete, deixar o cabelo crescer e eu vi nisso uma oportunidade bacana de:<br />
<br />
a) puxa, cada um tem um gosto e preferência para a própria aparência.<br />
b) bora ensinar sobre paciência e higiene<br />
c) cabelo ensina a ser responsável? tô dentro.<br />
<br />
então que desde o final do ano passado isaac vinha nos enrolando dizendo que só iria deixar o cabelo crescer "até março".<br />
chegou março e ele decidiu que curtiu a franjona na cara e os comentários e elogios da galera, que, em sua maioria acha a loirice linda balançando ao vento.<br />
<br />
e lá vamos nós...<br />
<br />
filho cabeludo? sim, trabalhamos.<br />
comprar condicionador, pente largo, secar a cabeleira pra ir pra escola nesses dias frios? quem nunca?<br />
(eu, mas tá valendo, que ser mãe é se transformar)<br />
explicar sobre piolhos, caspa, oleosidade e embaraço? tá no repertório mais recente.<br />
<br />
um outro mundo.<br />
aliás, isaac me apresentando a mais um deles.<br />
desses mundos todos que ainda vou viver, dentro desse universo que é maternar.<br />
<br /></div>
Carol Garciahttp://www.blogger.com/profile/17943598835998459565noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7813732167927300261.post-1029626757621704932016-05-22T02:26:00.000-07:002016-05-22T02:28:33.779-07:00Vídeo game, network e realidade<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
Sim, cara colega,<br />
Abraça aqui se seu filho já entrou pro clubinho dos loucos por vídeo games.<br />
(não que eu também não seja sócia, mas no filho da gente sempre dói mais, né?)<br />
Mas peraí!<br />
Que clubinho?!?!<br />
<br />
Se você então agora faz parte de outro grupo, vem comigo, daquela época em que a gente tinha clubinhos com pessoas de verdade, se encontrava, pedia pra mãe pra fazer um telefonema, inventava código, peça de teatro e até jogava vídeo game... Abraça mais forte, deu saudade.<br />
<br />
Desce Carolina e voltemos ao vídeo game versão 2.0.<br />
<br />
Acontece que eu ando implicando com essa realidade atual.<br />
Isaac adora jogar.<br />
Limitamos aos finais de semana, os quais ele espera cheio de vontade.<br />
<br />
(que ele nunca descubra que eu e o tio dele jogávamos de madrugada, durante a semana mesmo, escondidos da vovó)<br />
<br />
E eu vivo instigando para que ele aproveite o pequeno vício de maneira positiva.<br />
<br />
- Isaac, que amigo seu joga Lego Marvel?<br />
<br />
- pega dicas com ele!<br />
<br />
- o fulano já passou dessa fase?<br />
<br />
- destravou tal personagem?<br />
<br />
E, na grande maioria a resposta é um não sei, daqueles com tom "afffffff" que acho que eu mesmo ensinei à cria.<br />
<br />
Outro dia mesmo questionei - durante uma pedreira de fase cheia de objetivos inatingíveis - se o amigo não tinha dicas para dar:<br />
<br />
- filho, o amigo não joga esse? Liga pra ele! Convida pra vir aqui jogar! Vai ser divertido.<br />
<br />
Mas aí tomei uma facada no peito:<br />
<br />
- ah, mãe, coloca no Google.<br />
<br />
Não desisto né?!?<br />
<br />
- ah, Isaac, é muito mais legal a gente conversar com os outros. Ele pode ter dicas bem legais!<br />
<br />
Virada de olho e paciência quase no game over.<br />
<br />
- ah! Mãe! Coloca aí no site tal que tem tudo!<br />
<br />
Lembrando dos meus clubinhos e da sala da minha mãe cheia de meninos trocando revistas e dicas dos jogos, cai na minha própria armadilha:<br />
<br />
- então entra aí no live, pergunta pro amigo da escola, certeza que ele tá on line.<br />
<br />
Ele?<br />
Me olhou de canto de olho com um sorriso irônico.<br />
Daqueles.</div>
Carol Garciahttp://www.blogger.com/profile/17943598835998459565noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7813732167927300261.post-18879810821241173562016-05-20T12:28:00.001-07:002016-05-20T12:29:30.850-07:00Religião: entre game overs e reencarnação<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
Eu ainda não sei dizer a vocês se somos sem vergonhas ou bem abertos quando o assunto é vida-morte-força-maior.<br />
Acontece que acreditamos em Deus, o Papai do Céu.<br />
De diversas maneiras.<br />
Outro dia mesmo disse em voz alta que não me sentia evoluída para evoluir em religião alguma.<br />
E pra dormir com um barulho desse, levando em consideração todas as perguntas que cabem a um ser humano de 7 anos, não é tarefa fácil.<br />
Mas a gente vê que a fé não costuma faiá aqui em casa quando participa da seguinte conversa:<br />
<br />
- Mãe, esse negócio de onde a gente vai depois que morre é engraçado.<br />
<br />
(a mãe aqui pensa pensa pensa mas não perde a mania)<br />
<br />
- Engraçado? Pois é, Isaac, as vezes também acho. Mas como assim?<br />
<br />
- Então, eu estava pensando aqui que a gente deveria passar por um portal onde a nossa barra de vida ficaria infinita.<br />
<br />
- Em que momento da vida?<br />
<br />
- Assim, depois do game over. A barra de vida ia ser infinita, com muitos corações.<br />
<br />
PAUSA<br />
<br />
Se seu filho ainda não se entregou aos jogos LEGO, eu te explico: cada coraçãozinho da barra aguenta umas três porradas da vida eletrônica... mas isso é mais ou menos assim desde que o mundo é mundo, então né...<br />
<br />
DESPAUSA<br />
<br />
- E aí? a gente ia viver no game over?<br />
<br />
- Não! depois de um tempo a gente nascia de novo. Pode ser no "formato" de outra pessoa.<br />
<br />
- Posso ser um animal????<br />
<br />
- Não sei.<br />
<br />
- E a Galinha Pintadinha? Posso???? (ele odeia quando retomo a super infância embalada aos top hits da galinácea)<br />
<br />
- Mãe! É sério!<br />
<br />
ploft.<br />
<br />
(recolham os pedaços da mãe ali, que quase desintegrou com tanta maturidade)<br />
<br />
...</div>
Carol Garciahttp://www.blogger.com/profile/17943598835998459565noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7813732167927300261.post-56535025558308971812016-03-22T14:49:00.000-07:002016-03-22T14:49:33.090-07:00Bruxelas <div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
Isaac faz uma vista rápida a avó onde a TV notíciava os atentados em Bruxelas.<br />
De longe observei ele atento às legendas e imagens.<br />
Fiquei alí, só me preparando para o zilhão de perguntas que brotariam a seguir.<br />
Ele ficou quieto, um tanto chateado, nem esboçou dúvidas sobre o ocorrido.<br />
Ao entrar no carro...<br />
(Ah, o carro, nosso ninho psico-paradoxo-estranho de conversas mil)<br />
<br />
- mãe, o que é Bruxelas?<br />
<br />
- Bruxelas é uma cidade que fica num país chamado Bélgica.<br />
<br />
- couve de Bruxelas?<br />
<br />
- também.<br />
<br />
Silêncio. Danou-se.<br />
<br />
- mãe, eu acho que eu tenho DNA de inseto.<br />
<br />
- sério? Pq?<br />
<br />
- então, a mosca não vai direto na luz da televisão?<br />
<br />
- sim.<br />
<br />
- isso! Eu não conseguia tirar os olhos da TV e ver aquelas coisas que aconteceram em Bruxelas.<br />
<br />
Meu coração moeu-se.<br />
Realidade dura e feia essa.<br />
Inexplicável.<br />
Imagina então encontrar didática para falar de tal assunto?<br />
Eu?<br />
Fiquei alí.<br />
Olhei bem nos olhos dele e perguntei se ele tinha entendido bem o que tinha acontecido.<br />
Isaac fez a cara mais triste do mundo.<br />
Não me deixou dúvidas sobre o seu sim.<br />
<br />
- também ha esse tipo de vilão hoje no mundo, filho.<br />
<br />
- os que explodem?<br />
<br />
- sim. E como vc viu, no meio de um monte de gente inocente.<br />
<br />
Um suspiro fundo.<br />
Uma decepção com o real.<br />
<br />
- mama, então eu acho que deviam passar essas notícias ruins só em "bruxelês", aí a gente não ia entender.<br />
<br />
Faz sentido.<br />
Às vezes, muito.<br />
<br />
<br /></div>
Carol Garciahttp://www.blogger.com/profile/17943598835998459565noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7813732167927300261.post-84626085277273072122016-02-23T14:22:00.000-08:002016-02-23T14:27:23.214-08:00O tempo (ou falando da Mari e da Sabrina)<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
Como diria minha amiga Mariangela, de olhos esbugalhados e uma expressão de terror que só me lembro ter visto nela, já é março.<br />
O tempo - não canso de repetir - é um fanfarrão apressado e sem pudor.<br />
<br />
Não sei bem como cheguei nesse post, mas vamos lá, tentar organizar as ideias.<br />
<br />
Lembrei da Mari esse dias, meio sem muito motivo.<br />
Colega de faculdade, de trabalho, de vida, mesmo que de longe.<br />
<br />
O tempo passou e cada uma encontrou seu cada um.<br />
E com o pouco tempo que nos resta dos dias tão curtos, vivas para as tecnologias.<br />
Assim a gente se fala, e reclama do tempo.<br />
<br />
Ele, sempre ele.<br />
De novo e de novo.<br />
Reclamar dele é perda de tempo, eu sei.<br />
Mas fazer o quê?<br />
<br />
Enfim, Mari é das poucas criaturas que carrego comigo. Fez parte tão importante nessa vida aqui que sempre resgato algo dela.<br />
E se sinto falta, cobro.<br />
Logo, lembrar da Mariangela (e ó, perdoe este corretor que tira os acentos), me faz lembrar do tempo.<br />
Do peso que o tempo tem.<br />
Ou não.<br />
Confuso?<br />
Sempre.<br />
<br />
Me faz lembrar que sou mãe agora, depois de tantos anos.<br />
Tempo correndo, Isaac já é menino.<br />
Aproveita o próprio tempo.<br />
Mede, conta, sente a falta.<br />
Se organiza.<br />
<br />
Enquanto a Mari ria da minha barriga, imaginava Isaac e contava as semanas comigo, o tempo parecia parado.<br />
E falar dela com Isaac hoje é aquele "leeeeeembra?", enquanto ele se agarra a pequena almofada com a oração do anjo da guarda. Aquela que a Mari deu.<br />
<br />
E a minha tia querida, mãe da Mari, mãe daquele monte de mulher, era dona de uma loja de artigos infantis, cujo nome era o mesmo de outra criatura que carrego.<br />
<br />
A loja, pausa para falar do tempo, era aquela em que eu me divertia na vitrine de natal, quando eu tinha a idade do Isaac.<br />
<br />
A Sabrina.<br />
Conheço faz tanto tempo que já cálculo em encarnações. Não em anos.<br />
Aí, viajante que sou, me entrego mais uma vez ao tempo, teclando agora louca, enquanto mito o relógio.<br />
Já já não dá mais tempo e esse post fica rascunhado.<br />
<br />
E a Sá, tem o Romeo, que - puta vida! - já canta os parabéns em dois dígitos.<br />
Loucura?<br />
Nada.<br />
Só o tempo.<br />
<br />
E falar do Romeu-lindo-da-tia me volta ao Isaac.<br />
Né?!?!<br />
Sete anos, batendo a cabeça no meu peito, rindo, falando que logo logo estará maior do que eu.<br />
Que graça.<br />
Que rápido.<br />
Ou não.<br />
<br />
Então, para mim é claro que o tempo - não digo as horas, minutos e segundos - anda, corre, galopa, teletransporta no tanto que a gente permite.<br />
Ele é implacável às vezes sim.<br />
Por demorar ou atropelar, tanto faz.<br />
<br />
Maternidade, idade, amizade, dia ou madrugada.<br />
Espera na salinha, na porta da escola, no trabalho.<br />
Curto ou arrastado.<br />
Analisar o tempo, e a gente dentro dele.<br />
Um benefício por ser sapiens.<br />
<br />
ensinar sobre o tempo...<br />
Isso já é outra história.<br />
Quem sabe pra amanhã.<br />
<br />
<br /></div>
Carol Garciahttp://www.blogger.com/profile/17943598835998459565noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7813732167927300261.post-16046484731941564742016-02-13T03:49:00.000-08:002016-02-13T03:49:14.659-08:00Pequenas nerdices, religião e praticidade<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
titulo de post mais controverso não há, eu sei.<br />
Mas é isso mesmo.<br />
Sem preconceito algum digo que tenho um filho nerd, ou geek, sei lá.<br />
Ainda me familiarizo com toda a nomenclatura.<br />
No final das contas, Isaac é daquelas pessoas que curtem aquilo que o povo chama de coisa de nerd.<br />
Troca qualquer programa por um filme da marvel, tem uma infinidade de livros sobre criaturas, se interessa mais pelo C3PO do que por mim, tem dias, confesso.<br />
<br />
Enfim,<br />
Acontece que depois que apresentamos Marty McFly e Doc ao pequeno, ele arruma uma maneira de enfiar o Delorean onde consegue.<br />
Explico.<br />
<br />
Viagens no tempo, comparações com o passado, previsões pro futuro, experiências e imaginação a mil.<br />
Coisa de criança e mãe de criança.<br />
A gente se entrega.<br />
Brinca, curte, tira e volta os pés no chão.<br />
Como se deve.<br />
<br />
E aí, que outro dia, Isaac - que diga-se de passagem está formando suas ideias sobre religião - suspira, e expõe a ideia:<br />
<br />
- mãe, eu acredito que Jesus já sabe tudo o que vai acontecer com a gente.<br />
<br />
- é filho? Vc quer saber no que eu acredito?<br />
<br />
- lógico!<br />
<br />
(Adolescência, não nos roube isso, poooooor favor)<br />
<br />
- acredito que Jesus e o papai dele tem algo planejado pra gente sim, mas eles nos deram um poder.<br />
<br />
- mutante?<br />
<br />
- mais ou menos. Eles nos deram o poder de escolher.<br />
<br />
- só?????<br />
<br />
- então, só. Mas olha, a gente aprende muitas coisas, o que é certo e o que é errado, mas muitas vezes fazemos o errado.<br />
<br />
- como assim?<br />
<br />
- hummmm... Acho que quase todo mundo sabe que fumar faz mal, certo? Mas mesmo assim tem gente que vai lá, compra o cigarro e fuma.<br />
<br />
- Jesus ensinou que fumar faz mal?<br />
<br />
- de certa forma, ensinou que a gente deve cuidar da nossa saúde.<br />
<br />
- aaaa... Mas ele sabe do nosso futuro.<br />
<br />
- sabe?<br />
<br />
- saaaabe. E a cabeça de Jesus é tipo um Delorean da nossa vida.<br />
<br />
Explodi de orgulho, gente, explodi.<br />
<br /></div>
Carol Garciahttp://www.blogger.com/profile/17943598835998459565noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7813732167927300261.post-85611364356594196502016-02-10T17:02:00.000-08:002016-02-10T17:02:11.900-08:00E chegou o dia<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
Então....<br />
Antes eu ficava louca pensando em quando Isaac crescesse e quisesse começar a ler esses escritos aqui.<br />
Nunca me permiti censurar.<br />
Meu filho, vive comigo, sabe bem das coisas que faço e falo.<br />
Certeza que ia reprovar uma montanha de coisas, se envergonhar com tantas outras.<br />
Ok.<br />
<br />
O tempo passou, a maternidade mudou pra mim, em mim, me mudou... esse blog aqui ficou um tanto abandonado... E tal....<br />
E o dia chegou.<br />
<br />
Antes de eu falar de hoje, preciso contar que sexta-feira tive conversa super produtiva com colega-pai-de-menino-de-dez-anos.<br />
A gente falando das crias informadas e informatizadas, da tecnologia, desse mundo maluco.<br />
E ele me disse que o filho quer ser YouTuber quando crescer (ou daqui dois anos, quem sabe).<br />
Como toda mãe, curti horrores a conversa durante bom tempo, enquanto ela passeava pelos Meus pensamentos.<br />
<br />
Enquanto isso, eu e Isaac Passamos o feriado montando um castelo de lego.<br />
Lindo, enorme, cheio de criatividade e detalhes.<br />
Hoje ele acordou agitado, contemplou o castelo, se orgulhou e deixou a coisa fluir:<br />
<br />
- mama!!!! Tira uma foto! Foto boa hein?!?!<br />
<br />
- Ok. Assim???<br />
<br />
- isso. Agora coloca no Safari.<br />
<br />
- oi?!?!<br />
<br />
- isso mãe, na internet ó!<br />
<br />
(Sua velhota lerda e desatualizada - dava pra ler nas entrelinhas)<br />
<br />
- vc quer seu castelo na internet?<br />
<br />
- sim. Na página do Google de "castelos legais".<br />
<br />
Fiquei ali, parada, sei lá se admirando o momento sei lá se mergulhando na doideira ou chorando por dentro.<br />
<br /></div>
Carol Garciahttp://www.blogger.com/profile/17943598835998459565noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7813732167927300261.post-44944790435906993272016-02-03T07:10:00.000-08:002016-02-03T07:10:51.356-08:00as sete (e muitas mais) faces do ser humano de sete anos<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
Esse é um apanhado do todo dia lá em casa.<br />
De como é ser mãe, amiga, colega de quarto, de brincadeira, de zueira e de briga.<br />
Esse é um tanto do Isaac, e de mim, pq não?!?!<br />
<br />
O educado:<br />
Assiste indignado o narrador de um canal infantil que usa a frase "sai da frente" para anunciar o desenho que vai começar.<br />
- nossa! que moço mais mal educado? Ele não sabe que se diz "da licença"?<br />
<br />
O consciente<br />
Assusta ao ver a máquina de lavar roupa completando um dos seus ciclos.<br />
- mãe!!!! Você sabe bem que está acabando com a água do planeta, né?<br />
<br />
O fofo possessivo<br />
Me abraça forte e repete um milhão de vezes:<br />
- vc é minha mãe, minha mãe, minha mãe, só minha, minha minha.<br />
<br />
Só que não<br />
Me olha bem nos olhos e metralha:<br />
- sai, sai, você atrapalha minha brincadeira.<br />
<br />
O saudável<br />
Abre o saquinho de mini pizzas e fica horrorizado:<br />
- você tá de brincadeira né? Cadê tomate? Isso aqui é só um pãozinho redondo com queijo!<br />
<br />
O carente<br />
- vc não me ama! O iron não me ama! Ninguém me ama!!!! Como é que alguém vive assim?<br />
<br />
O nerd<br />
- mãe, mae, acorda!<br />
- hummmmm<br />
- mãe, acorda! É sério!<br />
- oi filho.<br />
- como é mesmo a música do darth vader?<br />
<br />
O controverso<br />
- posso escolher? Então eu quero pizza de brócolis com rúcula.<br />
- só isso?<br />
- só. Mas não esquece do bacon.<br />
<br />
O safadinho<br />
- ai To cansado.<br />
- muito?<br />
- ai ai ai ai (bem tipo maria do bairro)<br />
- mas tá com dor também?<br />
- ai ai ai ai ai (bem tipo marimar)<br />
- onde?<br />
- ai, aqui ó, nos pés.<br />
- aqui?<br />
- é. Aproveita e faz uma massagem.<br />
<br />
O polêmico<br />
- Isaac? Quem vc acha que manda em casa?<br />
- a mamãe, ela manda em tudo aqui.<br />
<br />
O sedentário<br />
- vamos! Vamos pedalar!<br />
- aaaaaaaaa....<br />
- vamos Isaac! Faz bem pra sua saúde! E é super divertido!<br />
- divertido? Onde é divertido fazer força e ficar com dor nas pernas?<br />
<br />
O negociante<br />
- Ok. Vamos combinar. Você pedala x minutos e ganha x minutos de jogo no tablet.<br />
- tá, mas se eu pedalar mais eu vou poder jogar de graça?<br />
<br />
O bagre ensaboado<br />
- mãe, eu fiquei na cor amarela hoje na escola (todo miando).<br />
- a é? E o que houve?<br />
- olha, me escuta primeiro, eu não sabia que conversar enquanto um outro amigo estava apresentando seu trabalho era sinal que eu não gostava dele.<br />
- mesmo assim, a professora está certa. Não é legal atrapalhar o colega.<br />
- é, mas eu gosto dele! (Faz a vítima)<br />
- sei.<br />
- mas eu gosto de conversar tbm, oras. Ela não entende?????<br />
<br />
O dramático<br />
- vamos filho! Já já vc tem pilates!<br />
- pilates????? (Lagrimazinha no canto)<br />
- sim, pilates.<br />
- pq? Pq? Pq???????<br />
<br />
O prático<br />
- vamos! Vc tem que terminar todos os exercícios. Depois vc escolhe o que fazer.<br />
- sério?<br />
- sério.<br />
- é isso. Vc não me ama mais.<br />
<br />
O docinho de coco da mamãe.<br />
- e aí Isaac? Tudo lindo na escola?<br />
- tudo, mas faltou uma coisa.<br />
- o que?<br />
- vc, mãe, faltou vc.<br />
<br />
O surreal<br />
- vem aqui mãe! Deita e levanta a blusa!<br />
- pra quê meu filho????<br />
- vou tirar a tampa do seu umbigo e me enfiar aí de novo.<br />
<br />
O impaciente<br />
- calma Isaac. Precisa ter paciência.<br />
- paciência? Pra que serve paciência?<br />
E antes de eu concluir um movimento respiratório completo...<br />
- pra que serve? Pra quê? Pra que serve? Hein? A paciência? Ela serve pra que? Oi? Quem precisa de paciência? Que paciência? Hein? Manhê? Vc tem paciência? Que paciência? Pra quê?<br />
<br />
O saudoso-canibal<br />
- mãe, eu estou com tanta saudade que engolia você e guardava aqui dentro.<br />
<br />
O canibal-canibal<br />
- estou com fome. Mas tanta fome! Vem cá!<br />
(E faz aquele mundaréu de onomatopeias fingindo que está me mastigando)<br />
<br />
O brontossauro<br />
- mãe! Eu não comi lanche na escola hoje. Agora, se eu pudesse comia uma árvore. Mas aquela árvore gigante, lá da avenida, aquela enorme. Bem alta.<br />
<br />
Na TPA (tensão pré-alguma coisa que ainda não descobri)<br />
-humpf....<br />
- tudo bem filho?<br />
- afffffffuuuuu....<br />
- Isaac?<br />
Ele me olha torto, bem torto, levanta e vai até o lugar mais longe que consegue, se enfia num gibi e só sai quando está morrendo de fome.<br />
<br />
O super sincero<br />
- mãe, não vá se ofender, mas, com essas unhas compridas, vc está parecendo uma BRUXA.<br />
Ao ver minha decepção ele manda:<br />
- ué, eu tinha que falar. Tinha!<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br /></div>
Carol Garciahttp://www.blogger.com/profile/17943598835998459565noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7813732167927300261.post-82478867579451361752016-02-02T13:03:00.000-08:002016-02-02T13:03:28.603-08:00Três minutos<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<br />
<br />
Achei interessante ser esse o primeiro post do ano.<br />
<br />
(Tenho sido uma blogueira sem vergonha e não nego)<br />
<br />
Acontece que a gente, por mais insano que pareça, quer mesmo é a bendita da felicidade.<br />
Quer ser feliz.<br />
Quer o filho feliz.<br />
Marido, cunhadas, sogro, sogra, pais, país, universo. Tudo na plena felicidade.<br />
Impossível?<br />
Sei que é.<br />
Mas não custa tentar.<br />
<br />
Acontece que eu, ser reclamão, porém chegado numa gargalhada bem dada, tenho sofrido muito com a ranhetice do Isaac.<br />
<br />
Ele é lindo, saudável, vive bem, escola legal, pais que o amam, dentes sendo alinhados pelo aparelho, mas risada zero.<br />
<br />
É difícil tirar um sorrisinho do danado.<br />
Ele é emburrado de natureza.<br />
Não vê graça.<br />
Gargalhada é coisa rara.<br />
<br />
Enfim, estava eu outro dia, só com meus botões, me entregando as músicas, como de costume, tive uma ideia.<br />
<br />
Vou fazer três minutos.<br />
Três. Só três.<br />
Começo sozinha, tenho certeza, mas sei que ele vai se render.<br />
<br />
E como quem não queria nada, coloquei a música mais dançante e pulante da playlist e me joguei nos movimentos.<br />
Dancei como se Ana Botafogo fosse (tivesse tido um ataque).<br />
Dancei feito clipe dos anos 80.<br />
Moves like jagger, Jackson, travolta.<br />
Pelos três minutos e poucos da música eu ri de mim, rodopiei e girei.<br />
Cantei alto.<br />
<br />
E quando me dei conta havia um serzinho loiro de olhar reprovador parado na porta da sala.<br />
Não sabia se ria, chorava ou ligava pro conselho tutelar.<br />
<br />
Estava achando aquilo tudo um absurdo gigantesco.<br />
Vergonha da mãe que tem.<br />
Branco, apoiado na parede como se tivesse 60 anos.<br />
<br />
Eu só parei a hora que a música terminou.<br />
Olhei bem nos olhos dele, toda descabelada, e propus que ele também tivesse aqueles três minutos.<br />
<br />
Estendi a mão, tentei brincadeira, chamei.<br />
E ele:<br />
- eu, hein?????<br />
<br />
Nota pra mim mesma e pra vc, Isaac do futuro: nunca se permita desperdiçar oportunidades de ser feliz, mesmo que sejam os três minutos mais bobos ever. Sempre vale a pena.<br />
<div>
<br /></div>
</div>
Carol Garciahttp://www.blogger.com/profile/17943598835998459565noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7813732167927300261.post-1244603486981262582015-12-15T13:51:00.000-08:002015-12-15T13:51:09.946-08:00esse velho aí não existe<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
das loucuras dessa vida, a maior - creio eu - é esquecer que o tempo passa, e junto com ele a inocência e as gracinhas infantis.<br />
isaac ainda é criança. sim. sim.<br />
mas não é mais um bebezinho.<br />
nem um menininho fácil de enganar.<br />
<br />
acontece que no começo do mês ele veio falando sobre os presentes de natal.<br />
e eu, toda desatualizada, perguntei sobre a cartinha que ele escreveria ao noel.<br />
e tomei, claro:<br />
<br />
- eu sei que não é ele que traz os presentes.<br />
<br />
ploft!<br />
momento drama da mamãe.<br />
aquele mimimi todo que vocês já conhecem.<br />
logo pensei que com sete anos eu já tinha mandado o bom velhinho à merda.<br />
então, tudo bem.<br />
<br />
bom,<br />
e como vocês tbm me conhecem, eu não deixei quieto:<br />
<br />
- e quem é que traz os presentes, isaac?<br />
<br />
- uma pessoa vestida de papai noel, ué.<br />
<br />
- uma pessoa qualquer?<br />
<br />
- é. um desconhecido.<br />
<br />
- alguém que não te conhece?<br />
<br />
- é.<br />
<br />
- e traz um presentaço pra vc no natal?<br />
<br />
- é.<br />
<br />
ploft!<br />
momento mãe lokalokaloka.<br />
pensei em cooooooomo meu delllllssss!!!! essa criança, nesse mundo louco, cheio de perigos, poderia i-ma-gi-nar que um estranho pode ser legal a ponto de dar um presente pedido e aguardado durante o ano toooodoooooo??????<br />
bora destruir esse conceito aí, minha gente.<br />
<br />
bom,<br />
não sei se fiz certo. não se se deveria, mas cortei aí.<br />
expliquei com calma, com amor e paciência... fui conversando até ele mesmo chegar a conclusão de quem, na real dava os presentes a ele.<br />
<br />
senti sim a decepção.<br />
fui olhada daquela maneira que arrepia, sabe?<br />
daquele jeito "sua velha cruel, mentiu pra mim durante tooodos esses anos????".<br />
<br />
mas ó, passou.<br />
mas passou assim:<br />
<br />
- mãe, então se antes eu ganhava um presente do papai noel e um de você e do papai.... agora vocês vão me dar DOIS presentes?????<br />
<br />
né?</div>
Carol Garciahttp://www.blogger.com/profile/17943598835998459565noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7813732167927300261.post-71664820096706490282015-11-14T01:49:00.001-08:002015-11-14T03:10:14.014-08:00O acabar do mundo.<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<br />
Se minha vozinha estivesse viva e um tanto lúcida acredito que choraria dias ao ver o absurdo que aconteceu com a Vale em Minas Gerais.<br />
E digo mais, morreria perguntando os motivos ao seu Deus, todas as noites, orando pelo Rio Doce.<br />
Grande mulher. Repetiria "o mundo está acabando, que pena".<br />
Chego a ser egotista a ponto de dizer um "sorte a dela" ter-lhe a morte poupado dessas coisas.<br />
Sobre Paris? Sobre os atentados? Sobre o terror?<br />
Diria que Dona Eliza ergueria os ombros e seria prática "esse tudo acontecendo aqui e vocês buscando problemas lá do outro lado do mundo?".<br />
Mas acontece, vó, se a senhora estiver me ouvindo, o mundo não é mais tão pequeno.<br />
Ontem mesmo eu respondia, em uma prova, pergunta sobre o Charlie Hebdo. E sinto até hoje um arrepio na espinha.<br />
Outro dia mesmo eu lamentava sobre os refugiados.<br />
Ainda vivo indignada com os subnutridos.<br />
Achando a Rússia uma loucura.<br />
Estão essas questões, cada uma delas, em outros lados do mundo. E como esse mundo agora é pequeno.<br />
Pra você ver...<br />
Seu bisneto ontem bateu as asas, sua primeira viagem sem os pais.<br />
Foi pra longe, mas nada que algumas horas de avião não resolvam.<br />
Se der saudade?<br />
Skype, WhatsApp, SMS, messengers, tudo num clique.<br />
Se acontecer algo?<br />
Se ele ficar doente?<br />
Se ele quiser vir embora?<br />
Ora, vó, a pediatra está online e a vida é assim mesmo.<br />
Com certeza ela me reprovaria e diria algo sobre criação dos filhos "eu trabalhava demais, mas vocês hoje, não tem limite. Lógico que ele nem vai sentir saudade, passa muito tempo longe de vc."<br />
Sim. Eu choraria alguns dias pensando nisso. Pensando muito.<br />
Mas voltaria a ficar horrorizada com o noticiário. E depois mais horrorizada ainda sabendo que ele não me mostrou tudo o que deveria.<br />
Mais mais horrorizada por pensar que há gente nesse mundo pequeno que vive satisfeita com essas verdades incompletas.<br />
E vem aquele cisco de felicidade.<br />
Um cisco meu, em pensar no Isaac.<br />
Lembrar que o estamos educando para ser diferente.<br />
Para não ficar preso a lugares, nem ideias, nem não-verdades.<br />
Me veio o rostinho dele ontem, cheio de ansiedade e felicidade.<br />
Em seus sete anos, tão gigantesco, questionador, atento.<br />
Com todas as perguntas que ainda vai fazer, e as mais milhões delas que ainda vai descobrir.<br />
Sobre a viagem, a família, Minas Gerais e Paris.<br />
E sobre ele mesmo, claro... Sobre ele mesmo.</div>
Carol Garciahttp://www.blogger.com/profile/17943598835998459565noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-7813732167927300261.post-22539141770680228022015-10-26T06:09:00.000-07:002015-10-26T06:09:48.364-07:00as voltas que o mundo dá, o feminismo e a doce arte de educar uma criança...<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
título longo, eu sei...<br />
mas não consegui resumir, nem pensar em um melhor.<br />
mas vamos lá... organizar as ideias.<br />
<br />
acontece que aos sete anos eu ia sozinha ao supermercado.<br />
com a mesma idade eu já era capaz de deixar louça lavada, cozinha arrumada e tarefa feita.<br />
já lia e escrevia meus livros, fazia capa e tudo.<br />
ia pra escola a pé sem reclamar.<br />
já sabia que ônibus tomar, contar os dinheiros e solicitar o troco caso faltasse.<br />
<br />
certeza.<br />
a geração antes da nossa não estava a fim de criar bundões.<br />
seja lá por qual motivo, a educação a base do olhar de repreensão, das ocasionais chineladas e dos temidos "vai lá no meu armário e pega a cinta", funcionou.<br />
bom, pelo menos pra mim.<br />
<br />
mas acontece também que o tempo passa, as cabeças pensantes e influentes se transformam, a tecnologia avança e penso eu agora que virei bundona.<br />
em algum momento, com algum sentido, me perdi na coisa toda.<br />
<br />
hoje sou eu quem cria um filho de sete anos.<br />
que reclama para ajudar em tarefas simples do cotidiano.<br />
que nem imagina uma realidade onde ele lave o próprio copo.<br />
vá lá limpa a própria buzanfa sem achar aquilo um absurdo.<br />
<br />
e eu fico me perguntando em que momento da vida a coisa desandou...<br />
como é que eu não segui com os ensinamentos passados pela minha vozinha e depois minha mãe.<br />
que tipo de ser eu acho que vou deixar pro mundo.<br />
um bundão feliz?<br />
um egoísta?<br />
um infeliz de tão feliz?<br />
uma daquelas criaturas que se frustram por ter que colaborar?<br />
<br />
mas mesmo me fazendo uma infinidade de perguntas eu não desisto.<br />
é lógico ser mais fácil ir lá pegar o copo, dar dois passos e colocar na pia do que desfiar um sermão sobre a contribuição e convívio em sociedade, mas eu não me poupo.<br />
falo sobre a vida, sobre tudo o que significa ter a atitude de pegar o copo que usou e levar até a pia.<br />
o copo, o prato, os talheres e o guardanapo, que deve ser jogado no lixo reciclável.<br />
<br />
ainda tem o tênis, a mochila, os brinquedos.<br />
os horários e compromissos.<br />
o banho sem demora, a roupa limpa, a suja, a cueca longe do chão.<br />
enfim, as responsabilidades.<br />
que já existem sim, e eu não as ignoro.<br />
não deixo que isaac esqueça também.<br />
oras.<br />
<br />
eu não esquecia.<br />
e olha que tinha sete anos.<br />
ai de mim se precisasse de supervisão adulta para as responsabilidades que faziam meus dias na época.<br />
eu mesmo me cobrava em ajudar, já que minha mãe trabalhava o dia todo... nem passava pela minha cabeça dar mais trabalho a ela.<br />
<br />
não quero viver de extremos.<br />
não quero ser igual a minha mãe.<br />
mas também não quero ser tão diferente assim.<br />
quero mais é que o mundo dê voltas e voltas e volte de novo, pois acho que assim também se aprende.<br />
<br />
e como é que pensei nesse texto?<br />
olhei meus cintos no armário esse final de semana e gelei ao pensar se todas aquelas taxas e fivelas enormes morassem no armário da minha mãe em 1986.<br />
<br />
...<br />
<br />
<br />
<br /></div>
Carol Garciahttp://www.blogger.com/profile/17943598835998459565noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7813732167927300261.post-68297075840282132512015-10-07T07:03:00.000-07:002015-10-07T07:03:39.615-07:00vivendo e ensinando e aprendendo (como o consumismo acontece lá em casa)<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
está ele lá.<br />
isaac parado, só de cueca, em frente ao espelho:<br />
<br />
- sabe, mãe, eu não entendo.<br />
<br />
(antes de eu me apavorar imaginando todas as questões que envolvem um menininho de 7 anos, cuecas e espelhos, fui traída pela minha própria língua e pensamento rápidos)<br />
<br />
- o que você não entende, isaac?<br />
<br />
ele coloca as mãos na cintura, mira bem a cueca, o pipi, sei lá, a parte de baixo:<br />
<br />
- esse negócio das cuecas, mãe.<br />
<br />
(pronto. agora ele vai querer andar com o pássaro livre. só pode)<br />
<br />
- como assim?<br />
<br />
ele pega no pipi, bem na frente, bem menino, bem sei lá. não consigo explicar.<br />
<br />
(e já começo a pensar num bom motivo de eu não ter mandado ele vestir logo a bermuda)<br />
<br />
- eu não sei pq eles colocam esses desenhos de personagens na cueca.<br />
<br />
(respondo um pouco aliviada, só que não. isaac sempre tem questões surpresa guardadas na manga)<br />
<br />
- não sabe?<br />
<br />
- é não sei. pq, ó, veja bem...<br />
<br />
(iiiiii, o veja bem, me lasquei)<br />
<br />
e deixo ele continuar, olhando firme seu reflexo no espelho.<br />
<br />
- se a cueca fica escondida, pq é que ela tem que ser bonita ou ter o personagem. só eu que vou ver...<br />
<br />
- entendo sua dúvida, filho... entendo.<br />
<br />
- então, mãe, não é sem sentido????<br />
<br />
(e lá vamos nós)<br />
<br />
- sim, se a gente pensar dessa maneira, sim... mas eu vou te explicar um sentido mais triste.<br />
<br />
- triste?<br />
<br />
(só pensei nessa palavra, foi mal)<br />
<br />
- é. triste. vc sabe pq eles colocam os personagens nas cuecas?<br />
<br />
- não.<br />
<br />
- pra mães bobas, como eu, irem na loja, pensarem nos seus filhos fofos, e gastarem o dobro do dinheiro num pacote de cuecas só pq há um personagem nela.<br />
<br />
- cueca com desenho é mais cara?<br />
<br />
- sim, amor, bem mais cara.<br />
<br />
- e vc comprou?<br />
<br />
(aí eu já estava jogada no chão, me achando a pior das criaturas)<br />
<br />
- comprei, filho, pq na hora a tonta aqui só pensou em como vc curte assistir a esse desenho. e comprei.<br />
<br />
- hummmm ...<br />
<br />
(ponderou ele, com uma cara de pena, que deu pena de mim)<br />
<br />
- é isso que as empresas fazem, isaac, nos enfiam produtos que não precisamos.<br />
<br />
- como exemplo, cuecas com desenhos que ninguém vai ver.<br />
<br />
- isso.<br />
<br />
- ó, mãe, eu não preciso de cueca com desenho. é legal, mas tudo bem usar cuecas lisas.<br />
<br />
(ploft! só não morri alí pq se o papo rolou eu devo estar acertando em alguma coisa)<br />
<br />
- que bom filho, que vc entende assim.<br />
<br />
(aí acho que ele percebeu a cara de "puta que paril! que merda! como eu pude me render as cuecas estampadas e licenciadas???? que caralho de mulher/mae/ser humano sou eu????)<br />
<br />
- mãe, olha aqui na gaveta.... eu tenho muitas cuecas lisas. olha!<br />
<br />
se certificou de que eu realmente estava olhando na gaveta, sorriu e saiu, correndo atrás do cachorro.<br />
<br />
...<br />
<br /></div>
Carol Garciahttp://www.blogger.com/profile/17943598835998459565noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7813732167927300261.post-66580979799705286122015-09-14T07:28:00.000-07:002015-09-14T07:28:42.050-07:00macabro<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
acontece que eu tenho sonhado muito com a minha passagem desta pra uma melhor.<br />
sério.<br />
a morte não me assusta. nem um pouco.<br />
mas venhamos e convenhamos que a morte que deveria ser só minha, não é.<br />
tenho família, marido, filho, dois cachorros de idade avançada, meus pais, amigos, enfins.<br />
gente paca que vai ficar aí chorando.<br />
por um dia ou dois, mas vai.<br />
e esse negócio de morte mexe com a gente que é mãe.<br />
aí que essa madrugada, depois de mais um episódio de final de temporada vital desta que vos tecla, me fiz a seguinte pergunta:<br />
<br />
o que eu gostaria que isaac não esquecesse a meu respeito.<br />
<br />
da mãe chata que ainda sou?<br />
da louca que fala sozinha?<br />
da mais legal do universo que finge não ver as tarefas mal feitas?<br />
da triste?<br />
da alegre?<br />
da explosiva?<br />
<br />
sinceramente?<br />
não sei.<br />
aí me pus a mentalizar uma carta pra deixar pra ele.<br />
uma bem feitinha, cheia de amor e carinho, de força, de sentido.<br />
abri o coração pra mim mesma.<br />
<br />
e, de certa forma, a tal da carta vai sair sim, e será muito bem encaixada num futuro distante, mesmo comigo vivinha da silva.<br />
e se não estiver, também tá valendo.<br />
mas o que achei mais interessante é que eu quero mesmo deixar pro isaac como é que eu era quando ele era criança.<br />
como é que eu enxergava tudo, das coisas que ele nem dá tanta bola hoje, mas que vão fazer diferença master na vida dele, ou dos filhos dele, ou dos netos dele.<br />
(e de quebra vai explicar muita coisa pra mulher dele)<br />
quero registrar coisas só nossas, aquelas que eu vou adorar que ele leia pra mim qdo minha memória já estiver corroída pelo tempo.<br />
<br />
parece triste pensar assim, mas não me abalo.<br />
é uma maneira de deixar o tempo cumprir seu papel sem brigar com ele.<br />
a gente vai envelhecer, é fato.<br />
a gente pode morrer, é certo, e mais certo ainda que não há data para o ponto final.<br />
<br />
vivemos.<br />
vivamos sim e felizes.<br />
pensando na morte e na vida.<br />
ao mesmo tempo sim, pq não???<br />
<br />
<br />
<br /></div>
Carol Garciahttp://www.blogger.com/profile/17943598835998459565noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7813732167927300261.post-54601870955148589212015-09-11T07:11:00.000-07:002015-09-11T07:11:00.257-07:00da mãe que pensa, sofre, senta, chora e levanta, dança, grita, ri, vira cambalhota.<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
pois é.<br />
ser mãe é ser bipolar.<br />
ou tripolar.<br />
ou quadripolar.<br />
<br />
tenho aprendido no todo dia.<br />
e mais importante, estou - aos poucos, diga-se bem - conseguindo lidar com tudo isso.<br />
<br />
sim.<br />
corro o risco de ser só comigo.<br />
de a bipolar mesmo ser eu, não a maternidade.<br />
<br />
só que acontece que eu comecei a chamar a maternidade de montanha russa desde que me vi grávida.<br />
então, tenho pra mim que é tudo um conjunto.<br />
<br />
e eu não falo de bipolaridade com preconceito.<br />
falo pq eu tenho me analisado e, numa tarde, eu consigo ir de música clássica a heavy metal sem nem perceber.<br />
<br />
explodo de raiva ao mesmo tempo que me encolho ao mesmo tempo que explodo de orgulho pelos feitos do isaac.<br />
choro ao mesmo tempo que rio ao mesmo tempo que dou bronca ao mesmo tempo que dou cambalhotas.<br />
<br />
desenho animado, cara amiga?<br />
não.<br />
eu, sendo eu mesma, sendo a mãe em que me desenvolvo.<br />
<br />
lógico que eu inflo a loucura toda aqui pra dar graça.<br />
mas é assim que me vejo.<br />
<br />
semana passada saí correndo da sala e me tranquei no banheiro para derrubar duas lágrimas.<br />
sim, choro na frente do isaac sim, ele tem uma mãe humana e sabe disso.<br />
mas eu corri pro banheiro pq eu não ia saber explicar o motivo das duas lágrimas.<br />
então me tranquei mesmo pq na hora me pareceu mais fácil.<br />
<br />
aí, veja você, esta madrugada tive uma revelação.<br />
estar entregue a todos os sentimentos ao mesmo tempo é quase que uma exigência nesse ramo.<br />
o de criar filhos.<br />
um plus curricular.<br />
explico.<br />
melhor, pensa na cena:<br />
você lá, com a cria, toda trabalhada na música alegre, feliz, dançante, todo mundo girando e rodando pela sala até que o menininho começa a pular no sofá.<br />
e a festa continua.<br />
até que o menininho lindo resolve que subir no parapeito da janela é a nova moda.<br />
incrementada pelo salto mortal triplo direto nas almofadas.<br />
e aí? faz o quê?<br />
mantém a vibe?<br />
segura aloka e finge que não viu?<br />
<br />
ãhã.<br />
eu não sei você, mas eu observei a primeira, a segunda, a terceira, a quarta rodada de pulos.<br />
e em todas elas acompanhada daquela vozinha dizendo "vai dar merda, vai dar merda, vai dar merdaaaaaaaa".<br />
ouvi a vozinha, mudei a música, sentei no chão com a mão na cabeça e dei um grito interno.<br />
antes do externo, claro.<br />
que saiu assim, como se fosse liberto de uma década de isolamento.<br />
<br />
deu pra entender?<br />
só pra completar o raciocínio... depois do grito, logico que corri pro abraço, beijei, até sorri.<br />
mas um segundo depois estava séria, olho no olho, dissertando sobre as consequências ortopédicas de uma queda.<br />
<br />
né?</div>
Carol Garciahttp://www.blogger.com/profile/17943598835998459565noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7813732167927300261.post-87330833070344145342015-08-28T07:22:00.001-07:002015-08-28T07:22:41.609-07:00festa do pijama. eu sobrevivi.<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
Festa de aniversário.<br />
Lógico que Isaac queria uma.<br />
E no capricho.<br />
Combinamos então que seria uma bem simples, já que depois de alguns anos trabalhando no ramo festeiro e pirando nas festas do filhote, eu queria mesmo era economizar e voltar a ser a mãe-só-jornalista.<br />
Ele topou. ótimo.<br />
<br />
Isaac vinha pedindo uma festa do pijama.<br />
Queria os amigos passando a noite em casa.<br />
Eu achei válido e viável.<br />
Achei uma graça até.<br />
E topei. ótimo.<br />
<br />
(Vou contar como foi então, para vc, cara amiga de olhos assutados, ver que é legal sim.)<br />
<br />
Pedi então que ele escolhesse dez amigos.<br />
Lista restrita e íntima, deixei claro.<br />
Expliquei que sendo mãe de filho único, acumulando experiência de convivência com grupos apenas com meus alunos de radialismo, não dava pra permitir que tooooodos os colegas viessem dormir em casa.<br />
<br />
Delícia.<br />
O planejamento se restringiu a comidinhas, docinhos, brincadeiras, cineminha e colchões.<br />
Arrastamos os móveis da sala.<br />
Vovó querida veio ajudar.<br />
<br />
Contratei uma equipe para recreação.<br />
Muito bem pensado e super recomendo, já que entreter 15 pequenos durante horas não é lá tão fácil.<br />
O cardápio de salgadinhos e pão de queijo foi servido de uma vez, quando todos foram chamados para que se sentassem e comessem, tudo quentinho.<br />
Confesso que eles se acharam ao sentar na mesa de jantar, com pratinhos e copinhos e tudo "como de gente grande".<br />
<br />
Enquanto eles voltaram a brincadeira eu organizei todos os colchões com travesseiros e cobertas, cada um no seu lugar.<br />
Irmãos dormindo próximos, meninas, meninos, tudo pensando na maneira mais neurótica-mãe-de-ser.<br />
Mentira, eu queria é que fosse super divertido pra eles, sem probleminhas nem brigas.<br />
<br />
Cantamos Parabéns e eles voltaram para mais uma sessão de brincadeiras.<br />
Aliás, sou fã da equipe que me ajudou pq eles fazem aquelas brincadeiras das antigas, que a gente brincava na rua.<br />
Lindo de ver.<br />
Amei a galerinha pulando corda e andando de perna de pau no quintal de casa.<br />
<br />
Chamei o grupo das meninas e fila pra escovar os dentes!<br />
Enquanto elas foram colocar pijaminhas, os meninos foram pro banheiro.<br />
Engraçado ver a diferença entre eles.<br />
Super experiência!<br />
<br />
Todo mundo lindo, empijamado, votação pro filme do cinema!<br />
Cada um na sua caminha, filme na TV.<br />
Aí fui vendo cada um no seu tempo, se encaixando, arrumando, apagando, dormindo...<br />
<br />
Dormi com a galerinha no chão da sala, claro.<br />
Abracei bem agarradinho o pequeno que pediu a mamãe de madrugada (e eu decidi por não ligar pois me senti super segura em acalmá-lo durante a noite).<br />
<br />
Levantei cedo, já deixei a mesa do café da manhã pronta.<br />
E pronto!<br />
O primeiro que acordou, agitou geral e em meia hora estavam todos de pé, circulando pela casa.<br />
Sentaram, comeram, uma graça.<br />
E foram ajudar Isaac a abrir os presentes.<br />
<br />
Dalí foi só trocar a galera e esperar as mamães saudosas.<br />
<br />
Conclusão:<br />
Faço de novo e faço feliz.<br />
Explico.<br />
Quando eu contava que iria mesmo fazer a tal festa do pijama recebia olhares assustados como se aquela fosse a maior loucura que uma pessoa poderia cometer na vida.<br />
Sabia que ia ser trabalhoso, que corria vários riscos com tantas crianças sob minha responsabilidade, mas mesmo assim via a vontade do Isaac.<br />
Além disso, via feliz e saltitante, ele querer ter os amigos num espaço que é quase só dele, passar o tempo com eles, dividir a casa, o lençol, os pais, a avó e os cachorros.<br />
Enquanto pude observei as reações dele e era uma felicidade tão pura, tão simples.<br />
Os amiguinhos tão se sentindo em casa, tão alegres...<br />
Valeu super a pena.<br />
Cada detalhe, cada momento, cada foto tremida, cada "tiiiiiia".<br />
<br />
Enfim, sobrevivi pra contar, e te incentivar, viu?<br />
Vale a pena.<br />
<br />
<br /></div>
Carol Garciahttp://www.blogger.com/profile/17943598835998459565noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7813732167927300261.post-19213231498491852022015-08-26T07:41:00.000-07:002015-08-26T07:41:50.051-07:00Sete anos<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
Pois é, minha gente.<br />
Isaac fez sete anos.<br />
Ontem.<br />
E eu não escrevi este post ontem pq não era dia.<br />
Além do óbvio motivo de que eu queria mais era viver e reviver ao vivo todos os momentos possíveis do dia dele, eu tenho um motivo meu.<br />
<br />
Eu conheci Isaac assim, mesmo mesmo, de fora pra dentro, no dia 26.<br />
Como assim?<br />
Explico.<br />
Lógico que cheirei a cria e sorri pro meu filho assim que ele foi retirado da kitinete quentinha que dividia com todos os órgãos vitais desta que vos tecla, mas depois dormi e só fui subornar enfermeira pra ter o pequeno nos braços na madrugada, quando me recuperei da anestesia.<br />
Ou seja, comemoro o dia de hoje tanto quanto o ontem.<br />
E sim, Isaac nasceu de uma bem sucedida cesárea, numa limpa e esterilizada sala cirúrgica, com uma mãe feliz e amarrada pelos braços, cheinha de anestesia.<br />
Nasceu assim, como devia e podia, diante das informações e possibilidades que eu tinha na época.<br />
E sim, foi para o berçário hospitalar, ficou aos cuidados de gente que não era eu.<br />
Foi assim, como devia e podia, diante das informações e possibilidades da época.<br />
<br />
Saca?<br />
Um dia comemoro a vida. E no outro, as minhas reflexões sobre aquele começo de semana.<br />
Aquele começo de tudo.<br />
<br />
Vc deve estar me perguntando: E então pq raios esse post de aniversário não é daquelas poesias melosas e sobrecarregadíssimas de amor que vc faz todos os anos?<br />
<br />
Respondo: Como não? E tem mais amor do que ser verdadeira e celebrar o tudo que nasceu em mim naquele dia 26?<br />
E com mais amor ainda, já inicio neste espaço aqui tudo o que Isaac vai ouvir um dia, toda a briga do natural versus o cirúrgico, do humano versus o desumano, do certo versus o errado, do menos versus o mais.<br />
Do radicalismo que mora em todos os lados, em todas as conversas, em todas as esferas.<br />
E tenho cá pra mim, que o amor que tenho pelo meu filho, também me permite explicar como isso atrapalha, diminui, anula e cancela.<br />
<br />
Puxa! E como um post de aniversário, transbordando de amor virou isso?<br />
Bom,<br />
prometi a mim mesma que este texto em especial não teria rascunho.<br />
Seria um cuspe bem cuspido no monitor. Sem lencinho pra limpar.<br />
E depois que, estou sob forte influência do menininho loiro de agora sete anos que me chama de mamãe.<br />
Isaac, hoje, é um ser completo.<br />
Lógico que nas proporções que lhe cabem, mas ele vive na realidade.<br />
Logico que durante os momentos em que feiticeiros, dinossauros e super heróis não estão em alguma aventura.<br />
Isaac conversa com a gente de maneira que eu demorei muito pra fazer com os meus pais.<br />
Isaac mudou e anda de cabeça erguida, defende seu ponto de vista, sorri e abana a mão pros amigos.<br />
Isaac lê, escreve, soma, subtrai e multiplica.<br />
Além das contas matemáticas, mais um monte de outras coisas que só vai entender quando passar dos um metro e meio de altura, acredito.<br />
Ele é uma pessoa teimosa e implacável quando quer ser.<br />
E fala o que tem vontade.<br />
E se sabe que é coisa forte, apenas alivia começando com a frase com "não se ofenda, mas....".<br />
<br />
Eu não poderia desejar outra coisa a ele. Que não seja continuar assim.<br />
Verdadeiro e complexo.<br />
Teimoso e sedento por aprender tudo o que puder.<br />
<br />
Aos sete.<br />
<br />
<br />
<br /></div>
Carol Garciahttp://www.blogger.com/profile/17943598835998459565noreply@blogger.com0