domingo, 19 de abril de 2020

Isolados. Adolescentes.Seguimos.

É com a maior cara de pau e amor do mundo que sempre volto aqui.
Já expliquei em vários e espaçados posts o que me faz ir e voltar e voltar menos do que gostaria e viver mais que teclar, bla bla bla, escreve deleta escreve deleta, ....
Mas tem hora que eu to na vida, isso, vivendo, que eu penso “putsssss isso deveria estar no blog”.
Então to aqui, mais um post, anos depois.

Acontece que Isaac já fez onze anos.
Cresceu, ficou cabeludo (e peludo, ele que não leia esse post até atingir maturidade suficiente pra esconder dos filhos dele e não vir brigar comigo), começou a falar palavrão e calça mais do que eu.
Está adolescentando, exercendo os plenos direitos dele.
Só que entre pelos, crises de humor, intensidade grau figurino da Elke Maravilha, temos um período denominado como isolamento social.

Prometo não falar nada sobre isso. Sobre o isolamento.
Mas eu tenho que registrar que, coleeeega, é processo de evolução que não se pode botar defeito.
Pra mim e pra ele. Não sejamos injustos.
Não há teoria ou fórmula que consiga explicar tal momento vital.
É cada explosão que a gente não sabe nem de onde veio.

Eu, mãe, tento me munir de santa paciência todo dia. Compreensão, coerência, sabedoria e graça.
Cada “filho, vem aqui, vamos conversar” eu encaro como encarava carregar bombinha de festa junina no bolso do shorts.
Encaro com aquele medo do assistir meu pai bater manga com leite no liquidificador. A gente tinha plena certeza que dalí sairia o poltergeist. Depois inventaram o espetáculo do refrigerante com a bala de menta e a manga virou só uma fruta, não um ovo de gremlin que não podia entrar em contato com lácteos a qualquer hora do dia.

To divagando, eu sei, mas é muita coisa.
Muito sentimento, muita dúvida, muita vontade de gastar o vale viagem no tempo que não existe.
A gente tem que encarar. Com fé, garra e amor.
Eu sei.
Eu encaro.

Mas também estou debutando né?
Tirando a minha própria adolescência, conheci nenhuma outra.
E trato aqui com um exemplar de outra geração, outra realidade, outros obstáculos a sobreviver.

A escola é tudo o que ele pedia aos céus:
On-line, em casa.
Porém ele percebeu que não é tão legal quanto parecia.

Os amigos, aqueles que a gente encontra todo dia faça chuva ou faça sol, não são mais diários.
Se são, são a distância.
E essa galerinha está penando um tanto pra entender que esbarrar com colega assim, ó, fisicamente, faz falta.

Não da pra ir dormir na avó.
Não da pra ir na casa do amigo.
Natação? Esquece.
Tênis? O clube tá fechado.

Da raiva, da medo, da dúvida, frustra.
E eu vou tentando, caindo, levantando.
Pula armadilha, segura a ansiedade, num looping infinito.
Buscando esse equilíbrio desequilibrado.

Ele vai crescendo.
Isolado.
Adolescente/
E eu junto. Crescendo junto. Com certeza.


domingo, 11 de junho de 2017

Amor

Antes de começar este post preciso fazer algumas considerações:
ok que hoje é dia dos namorado e falar de amor hoje me entrega ao clichê.
Ok que falar que o filho é namorado da mamãe é coisa pra lá de estranha que me irrita desde sempre.
E mais ok ainda qhe vai parecer pouco criativo:
Mas acontece que eu mantenho isso aqui - mesmo que sem-vergonhamente - é pra todo tipo de momento e inspiração, então me deixa.

...

Isaac está beirando os nove.
E isso faz dele uma pessoinha quase que completa no quesito emoção.
Engatinha ainda em vários subtítulos do tema.
(Eu mesma engatinho em muitos)
Mas vai aprendendo como lidar com os motivos inexplicáveis e não-contáveis do existir.
Sofre.
Eu sofro.
(Pq mãe sofre mesmo e ponto)
Nós sofremos.
Assim a vida segue no curso, tranco e barrancos, velejar que nos compete.

Tá.
Mas é aí, não sei em que coordenada espacial, que entra o sentimento maluco e nem sempre gratificante que é o amor.
Lindo, mas nem tanto.
Puro, mas às vezes.
Completo... de dúvidas.

Não minto.
Mostro - sempre que consigo - que o amor é controverso.

- filho, eu te amo, você é a coisa mais importante pra mim, mas eu sou mãe de merda às vezes é esqueço que tinha reunião na escola.

- te amo e sou responsável por você. Desculpe, mas na próxima eu compareço.

- filho, a mamãe tá um tanto chateada hoje. Te amo, mas ó, daqui uma horinha eu organizo as minhas ideias e estarei melhor.

E ainda tem aqueles momentos em que eu preciso que ele saiba que o amor existe na vida dele.
Mesmo que pareça que não.

- isaac, você é muito amado, sabia?
Quase sempre o safado fala que não pra ganhar cafuné e ouvir a mesma frase inúmeras vezes, sorrindo grato, respirando fundo.

Enfim....

Hoje ele estava particularmente cheio de amor pra dar.
Disse que eu sou a melhor mãe do mundo (cof cof).
Disse que eu sou muito amada e exato que é, já emendou com "você sabe muito bem disso".
Disse que queria me abraçar pra sempre.

Óbvio que derreto.
Claro que deixo ele ver meus olhos transbordando.
E digo ainda que sou muito grata pela minha vida.

Mas hoje fiz do amor um ciclo infinito:

- filho, sabe como a mamãe te ensina a amar?

 curioso que só, me olhou bem nos olhos e nem piscou aguardando o segredo do universo.

- te amando.

- é né, mãe?

- eu só sei assim filho.

- eu acho que que eu também.

...


segunda-feira, 22 de maio de 2017

Sedentário de carteirinha

E então que não pari o Michael Phelps.
Nem o Jordan.
Muito menos um Beckham.

Isaac é todo pensamento.
Raciocínio.
Troca qualquer brincadeira ao ar livre por um gibi.
Se vamos ao parque ele sobe no ponto mais alto do brinquedo e fica lá a observar o tempo.

E isso não é de agora não.
É item de fábrica.
Foi à natação resmungando até aprender a nadar, aí perdi os argumentos.
Judô enquanto achou engraçado, aí não havia faixa que o segurasse no esporte.
Arco e flecha, pilates, basquete, tecido circense.
Ele mostra interesse e a gente imagina que a próxima será a escolhida.
Até pode ser, mas por hora, por tempo limitado.

O negócio da criança é robótica, xadrez, lógica, videogame, livros e livros e livros e livros.

Não acho ruim não.
Acho lindo.
Mas é que a gente tem que achar um equilíbrio nisso tudo.

Atualmente Isaac escoheu o tênis.
Isso.
Raquete, bolinha e professor querido.
Vamos indo.
Tivemos período de yoga, mas como a mestre foi meditar em outro canto do mundo... damos um tempo.

Mas não pense que é uma coisa assim "yupiiiii hoje tem tênis".
Ele até vai, mas mais naquelas...
E eu sempre arrumo uma brecha pra falar do fortalecimento físico.
Metáforas, parábolas, poesias, músicas, diálogos, monólogos.
Ele sempre no jeito e no tempo dele.
E eu me encaixando, tipo uma gladiadora encarando uns leões.

Aí que no meio desses papos ele judia:

- mãe... sabe qual é o músculo mais forte de todos?

Confesso que na hora assim, só pensei em valorizar o exercício e respondi que, para um tenista, eu achava que era um músculo ligado ao ombro...
Ele me lascou aquele olhar de reprovação e de maneira bem seca querou minhas pernas fracas:

- o cérebro. LÓ-GI-CO.

...

domingo, 21 de maio de 2017

O cachorro do Kid Vinil

Eu tinha uma porçao de tópicos a abordar por aqui.
Faz tempo que a gente não se fala neste canal...
Faz tempo que não atualizo a história do Incrível Isaac via internet.
Por aqui tudo bem.
Criança crescendo, evoluindo.
Lindo.

Mas acontece que o Kid Vinil me resolve cantar em outra freguesia.
Que é mais interessante ser boy em outro plano.
E, nesse tempo maluco e apressado, o tic tic nervoso cantado em casa vai me render outras explicações.

Só que - se você me conhece já sabe bem onde vai dar - além do além pra onde foi Kid, temos o Cosmo.
Para! Longe de mim estabelecer aqui figuras e cenários religiosos.
Cosmo é o cachorro do Kid Vinil.
Que se já não bastasse ter uma cara de companheiro de vida, foi levado a dar adeus ao dono no velório.
E foi fotografado de todas as maneiras que eu aqui não tô sabendo lidar internamente.

Tô aqui, quieta no sofá, ligando os pontos todos.
Keith Richards, nossa schnauzer está bem debilitada devido a diabetes.
Já está completamente cega, coração fraco, alimentação restrita, medicamentos diários.
Não está fácil ser Keith.
(e antes que você me corrija, siiim, eu sei que o Keith é homem e que a Keith aqui é fêmea, mas pra mim faz todo o sentido. to-do)
E Kid era diabético.

Iron Maiden, nosso schmauzer, está velho,
Já não escuta direito, não corre mais atrás do Isaac.
Dorme o dia todo.
Enfim... a barba que era branca passou pra um amarelo senil.

E no meio disso tudo tem o Isaac.
E tem eu também tentando ser uma pessoa melhor e uma mãe mais centrada a cada dia.
Continuo viajando, como deu pra perceber com esse texto amalucado.

Enfim...
Diabetes, focinhos esbranquiçados, doenças, tempo.
Jogue tudo no liquidificador supersônico que é a cabeça de uma mãe.

É isso que dá... um desabafo desconexo de quem acha mais fácil falar sobre sexo do que sobre morte.

A seguir cenas...


quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

Eu tive um sonho...

Peraí!
Não dá pra chamar de sonho algo que te arrebenta a noite e não traz uma sensaçãozinha boa sequer.
Acompanha comigo.

Chego eu e Isaac a um lugar lindo, bem equipado, buscando novo professor de yoga (a nossa vai bater asas em breve - buaaaaaaaaa).
Todo mundo simpático, se ajudando, humor lindo.
Quando de repente começam a chegar pessoas conhecidas.
Todas com crianças.
Meninas, meninos, tudo com idade próxima.

O barulho peculiar infantil.
O barulho peculiar materno.
O caos instalado.

Fico na minha, ajudando a tirar uns balões do teto (oi?), quando isaac - que estava brincando, já que yoga ali, passou loooonge - surge irritado, perseguido por duas meninas.

Peço que ele respire fundo e me conte o que está acontecendo.
O silêncio peculiar do isaac.
A risadinha peculiar de quem tá sacaneando.
O olhar peculiar materno.

Fiquei esperta.
Logo vejo isaac com a mão nos olhos, é uma das meninas gargalhando.
Um soco, de direta. Muito bem dado.

O pedido de socorro peculiar infantil.
O pensamento peculiar materno.
Aquele que peculiarmente não podemos colocar em prática/

Veio a menina e deu outro soco.
E outro.
E outro.
Isaac não reagia.

Acordei num pulo!
Respiração ofegante.
Tomei um gole d'água.
Durmo de novo e ela lá.
Sonharia com satanás se pudesse escolher.

Acordei de novo.
E de novo.
E de.novo.
Puta! Olha a hora!
Essa menina deveria estar dormindo!

Dormi e lá estava ela, rindo da minha cara.
Quatro e meia da manhã tomei uma atitude.
Voltei a dormir.
Rezei pra que a mãe daquela criatura levasse ela pro balé e não pra yoga.
Que ela não estivesse mais ali.

Mas estava.
E eu puxei tanto o cabelo daquela filhadaputa!
E ensinei ao isaac golpes pela últimas vez usados durante o meu período de gordinha sobrevivendo aos primos mais velhos.
Última vez usados na imaginação da gordinha filha da professora sobrevivendo aos coleguinhas da escola.
E, de sonho, fiz o novo roteiro do Tarantino.

Dormi?
Lógico que não!
Depois do alívio virtual vem uma culpa, menina....
Uma culpa.

....

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