quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

O meu cabelo dourado

Não é a toa.
Isaac ouve sobre seus cabelos desde que nasceu.
Primeiro porque eram ruivos, enormes e espetados.
Depois viraram um loiro iluminado, fios finos, que voavam na mais leve brisa.
Até que engrossaram como os do papai.
Mas mesmo grossa, clara cabeleira alí naquela cabecinha pensante descansava.
Só que a natureza é dessas, né?
Ama uma transformação.

Acontece que Isaac adora ter cabelos dourados, como ele mesmo fala desde sempre.
(ou desde a Rapunzel e o Zé Bezerra)
Ouve sempre dos outros sobre o tom do seu cabelo.
Se orgulha.
Olha no espelho.
Até que...

Ele resolveu que não quer cortar o cabelo nunca mais.
E qual o motivo????

- Da última vez o barbeiro deixou meu cabelo mais escuro.

Como assim?

- Ele cortou e ficou menos dourado, ué!

Escuta a mãe do menino cabeludo.

Sim sim.
Eu tento explicar.
Falo que é assim mesmo, que o cabelo vai mudar de cor muito ainda, que ele não precisa se preocupar pois continua lindo e iluminado.
Fácil?
Nada.
Prefere continuar com as costeletas enfiadas nas orelhas do que perder o brilho.

Eu entendo.
Espero.
Oportunidade, lição, e a irritação que o suor ainda vai causar no meu filhote.

Enquanto isso fui dizer a ele que meus cabelos também eram bem claros, mas eles escureceram com o tempo.
O que ouvi?

- Mas os seus cabelos são loucos, cada dia eles estão de um jeito.

Obs: Não, ainda não há tinta capilar nesta que vos tecla, maaaaas a tesoura, essa sim é um vício.

...



terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Ano letivo novo. Escola nova.

Eu não saberia responder se me encaixo mais no perfil das neuróticas ou das extremamente preocupadas.
Pode ser que eu caminhe alí, sobre o muro das duas vizinhanças.
Ou pode ser que eu seja de dia uma e de noite a outra.
Não sei.
Mas vivo bem em pensar que sou.
Pelo menos um pouco.

Esquece.
Não vou conseguir explicar.
E nem quero muuuito assim.
Acabo sempre rindo de mim mesma, o que é delícia.

Tá,
mas estamos aqui hoje pra falar que Isaac bateu asas.
E o que tem uma mãe louca nisso?
Tudo, oras.

Filhote fez três anos na escola antiga.
Não tenho muito o que reclamar de lá não.
Professoras excelentes, turmas pequenas, atenção.
Isaac ia bem.

Mas acontece que a gente acha tudo.
Até pelo em ovo, né?
Então...

Um dos tópicos  que eu e José sempre conversamos em casa: a Educação do Isaac.
Desde falar bom dia pras pessoas até o dois mais dois.
E a escola antiga estava deixando a gente meio enlatados, sabe?
Aquele negócio de sentar na carteira, cumprir cronograma, terminar apostila, correr com a alfabetização.
Aquilo me incomodava.
E incomodava Isaac também.

Lógico que ele não dizia.
Mas mostrava.
No segundo semestre de 2013, todo ele, Isaac vinha pra casa com um milhão de desenhos.
Me explicava todos no caminho pra casa.
Falava, falava, falava e falava.
Nos dias que a professora não o deixava desenhar, o mundo caía.
Caía, caía, caía bem caído.

Aí me pus a reparar (e a perguntar, pois sou bicho besta).
Perguntava ao Isaac se ele conversava com os colegas.

- Não mãe, eles não me ouvem. Eles só querem correr e lutar e chutar.

Perguntava se ele havia participado da aula.

- A tia falou dos triângulos, mas eu não quis falar que as pirâmides eram triângulos também.

Perguntava sobre a hora do lanche.

- Minhas bolachas sumiram. Mas eu nem reclamei.

Enfim...
Dor no coração, cabeça a milhão.
Vamos procurar lugar onde Isaac se encaixe melhor.

E lá fomos nós.
E estamos indo.
Nos adaptando a uma infinidade de diferenças.
No sistema de ensino, na formação do pensamento e do indivíduo.
Num primeiro momento super felizes.

a seguir cenas...

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Quando a religião e a curiosidade se unem...

Nesse mundo existem várias combinações explosivas.
Umas, como sabemos e esperamos, são catastróficas.
Outras, são explosivamente boas.
Ponto.
Religião sempre foi um assunto muito aberto aqui em casa.
Mesmo porque, aqui não temos preconceito, somos super abertos, curiosos e sedentos por informações (de todo tipo, confesso, mas sobre religião é bom de ouvir).
Ponto.
E vírgula.
Além de sermos católicos não praticantes.
(Eu pratico, mas do meu jeito. Alguns entendem, outros não)
Temos um respeito enorme pelo espiritismo.
Vírgula.
Então, Isaac cresce nesse cenário.
Ouve a mãe falar "Meu Deus!!!" várias vezes ao dia e fazemos nossa oração de agradecimento antes de dormir.
O pequeno já me pediu para conversar com os anjos e já filosofou sobre onde está a bisa que faleceu.
Ponto.
Mas o melhor disso é que, além de ter fé, ele aprendeu a conviver com as várias perguntas que uma religião carrega, seja ela qual for.
Vírgula.
Questiona sobre o tamanho do Papai do Céu.
Se ele é sozinho.
Como ele é e existe.
Se ele é amigo do Papai Noel.
Como ele faz chover.
E se chove, como ele se molha.
Se mora em cima das nuvens e como faz pra não cair de lá.
Ponto.
Até que um dia.
Três pontinhos.
Se deparou com um livro.
E o livro contava a história de uma bruxa.
E a bruxa, danada, tinha um cachorro que se chamava Demônio.
Vírgula.
E demônio é ser tão complexo de ser explicado como Deus.
Ainda mais para uma criança de 5 anos, com a imaginação à milhão.
Ponto.
E eu pensei.
Pelos segundos que tive.
E sei lá por qual motivo, me veio um jogo de video game em mente.

- Então Isaac, o demônio...
- Quem é mãe, quem é?
- Bom, no seu jogo não tem uma hora que tem um cara mauzão pra matar?
- Tem. O chefão. É muito difícil ganhar dele.
- Pois bem, o demônio, é tipo um chefão dos vilões.
- Hummmmm...
- Entendeu?
- Sim... O cara deve ser durão, né mãe?
- Como todos nós Isaac, tem vezes que sim, tem vezes que não.
- E é difícil de matar esse vilão?
- A gente nem precisa matar, filho, eu acho que a gente pode só deixar ele de lado. Acreditar que somos mais fortes que ele.
- Entendi.
- Mais alguma pergunta?
- Posso comprar esse livro?

...

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