quinta-feira, 28 de março de 2013

Síndrome do Locutor de Rádio dos Anos 50

Bem que eu pensei num nome menor pra tal momento da vida, mas não consegui.
E vá lá, né?
Sou radialista, locutora, apaixonada, tals....
Combinou.

Acontece que Isaac passou um tempão trocando os erres pelos eles.
Até dois meses atrás a cria não tinha jeito de acertar a pronúncia.
Aí eu marquei com Querida Fonoaudióloga.
Pedi ajuda como toda mãe desesperada e trabalhada no drama.
Dois dias antes da consulta Isaac saiu falando ra-re-ri-ro-ru como se nunca a dificuldade houvesse.
(valeu vovó Nilza pela força, com toda aquela história de paRaíso)

Cheguei na Fono com cara de tacho, mas ainda tinha um monte de duvidazinhas.
Isaac ainda não sabia que jeito juntaria o erre com outras consoantes.
GR, TR, PR, VR... tudo saindo meio estranho.

A Querida Fono nos passou uns exercícios.
Hoje, tempinho depois, Isaac já está craque.
Ou quase.

Acontece que desde segunda-feira ele aprendeu a soltar o errrrrrrrrre, com bastante ar, batendo a língua nos dentes.
(alô tia Perla! ele faz a moto, o carro e qualquer meio de transporte que você queira)
Logo, vivo numa viagem no tempo, ouvindo as locuções da Radio Nacional. Ou da PRG8, pra ser mais bairrista.

Abrrrrrraço, Irrrrrron, Carrrrrinho, Aprrrrrender, Pirrrrrrata.

E vamos que vamos.
...

quarta-feira, 27 de março de 2013

da sensibilidade

Isaac vem desenvolvendo suas características de personalidade todo dia. Toda hora.
Mas já é certo que ele é pessoa sensível.
E é mais sensível ainda porque observa cada movimento que esse  mundo dá.
Bom,
além disso tudo ele é apaixonado pela sétima arte.
Filmes novos, antigos, animação ou não, curta, longa. Ele se abre a tudo.
Admira, assiste, analisa e pergunta por dias e meses, dependendo do impacto que a produção causa sobre sua pessoinha em formação.

Esse ano mesmo fomos assistir "As aventuras de Pi".
Certa de que era um drama, arrisquei e fui feliz.
Isaac adorou, mas até hoje usa o filme como referência para um momento triste.
E não precisa ser assiiiim triste. Mas ele liga.
Usa pra explicar a intensidade da tristeza que ele ainda tenta entender.

Ontem a noite, pediu que eu lesse "Alice" antes de dormir.
Ele ouve atento as primeiras linhas, páginas.
Mas depois que a menina cai no buraco e se vê alí, entre crescer e decrescer, afogada na insegurança e curiosidade, Isaac suspira.

- Sabe mamãe, eu fico um pouco triste com esse livro aí.

- É filho??? Mas tem alguma parte que te faça sentir essa tristeza?

- Não. Eu fico triste assim, igual quando o Richard Parker foi para a floresta e deixou o Pi lá, sozinho.

Fechei o livro, dei um abraço e só disse que é normal sentir tristezas em algumas histórias ou filmes.
Que tem gente que gosta de escrever história triste, mas que são só histórias.
Disse que é normal a gente sentir vontade de chorar e é normal chorar se der vontade.
Ele chorou. Quietinho.
Apertou o rosto contra a baleia de pelúcia (Jubartina, registro aqui pra não te esquecer nunca, tá?).

- Mas eu vou ter sonhos ruins com esse livro aí.

- Bom, Isaac, isso a mamãe não tem como arrumar. Mas você sabe que se esse sonho ruim vier é só chamar, né?

- Sei. E você vem? Mesmo no sonho?

- Se você quiser eu vou sim.

E dormiu, meu pequeno, descobrindo que o país da Alice, o dele, o meu, não é essa Maravilha toda...

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terça-feira, 26 de março de 2013

Gentileza

Sabe aquela fase?
Qual delas? Pergunta a já calejada mãe de um menininho observador de 4 anos.

Pois então vou contar um causo:

Saí toda atarantada para entregar uma encomenda constituída por 35 frasquinhos de vidro.
Repousei a caixa repleta de frasquinhos, prontos, lindamente embalados, no banco da frente do carro.
Eis que surge a coisa mais linda desse mundo e se enfia no carro pisoteando no banco.
Isso, no banco onde repousava a caixa, que guardava os frágeis frasquinhos.
Peço uma, duas, dez vezes e nada.
O menino loiro só me olhava de rabo de olho e alí persistia.
Encarno a educadora errante e, no medo da merda feita, puxo a cria pela camiseta.
De quebra ele ganha um beliscão no meio das costas.
Pele e camiseta vieram as duas juntas no meio do pacote do desespero materno.
Ele emburra, acha um absurdo.
Eu, toda cheia de culpa, prefiro não mexer muito pra não feder, enfio menininho emburrado no carro e saio.
No meio da caminho dessa graça de vida havia uma outra figura.
Velhinho, cabeça branca, bengala em punho, tentando atravessar rua movimentada.
Fiz o que meu coração e educação mandaram (alô mamãe!) e parei o trânsito.
Pus carro no meio da via, esperei senhorzinho (que nem agradeceu, buá) atravessar e segui.
Mas eu não perco a mania:

- Viu, filho?!?! Nós acabamos de fazer uma gentileza.

Ele bufa, olha pra mim como quem olha um pão embolorado, olha o senhorzinho e resmunga alguma coisa.
Não ouvi e, lógico, pedi que repetisse.
E tomei:

- Gentileza seria se você não me beliscasse. Nunca mais!

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segunda-feira, 25 de março de 2013

Cineminha: Os Croods

Eu nem tenho muito pra falar de "Os Croods".
Só que estamos vivendo uma fase muito boa do cinema de animação, que eu ri lindamente e melhor, ouvi as crianças rindo e entendendo a maioria das piadinhas traduzidas alí.

Vale a pena.
Principalmente se você for daquelas que adora um bom dilema familiar...

Bjo e ótima semana!


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sábado, 23 de março de 2013

Ele quer uma mãe perua

Então que além de perceber todo o processo que é a maternidade, agora convivo também com as vontades, ideias e expectativas que Isaac tem de mim.
Entendo, acho lindo e engraçado até, mas me faz pensar.
Explico.
Em toda oportunidade que tem Isaac me arruma.
Como assim?

No último Dia das Mães ganhei um par de sapatos que, em cada pé, pra ser mais específica, conseguiram colocar dourado, estampa de oncinha e um broche de caveiras com pedras.
E foi ele quem escolheu.
E eu ganhei, usei e uso até hoje. Uso do meu jeito, mais despojado, mas uso.
Ontem mesmo ele madrugou e veio todo amassado, arrastando paninho e travesseiro, me encontrar louca de atrasada em frente aos armários.

-Vou te ajudar a escolher uma roupa. Disse o menininho todo decidido.

Entre "danou-se" e "ai que delícia" um milhão de coisas passaram pela minha cabeça.
Deixei que o fizesse.
Pra roupa ele até que escolheu uma básica (o que sobra no meu guarda-roupas), mas ele endoideceu quando a gaveta de acessórios foi aberta.
Dois anéis.
Dois colares.
Brinco.
Fuça fuça fuça.
A hora que achei que toda a função tinha terminado:

- Mãe! Você esqueceu das pulseiras!!!!

E não parou por aí.
Ele quis escolher o sapato.
Estava com um de saltão na mão quando eu tive que interferir.
Chovia lá fora e eu só consigo achar lugar pra estacionar perto da escolinha uma duas ou três quadras de distância. Depois volto pro carro com Isaac, mochila, lancheira, pasta de tarefa, tudo sendo equilibrado.
Ele olhou bem, buscou a sapatilha mais estrambólica, bem rosa, com partes brilhantes e me deu sorrindo.

Lógico que coloquei no pé.
Lógico que troquei assim que entrei no carro.
E lógico que destroquei quando parei na porta da escola pra buscá-lo.
E até que ela combinou bem com o guarda-chuva verde em forma de sapo que me acompanha nesses dias.
Como não?!?!

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sexta-feira, 22 de março de 2013

Descobri que...


... com um filho de 4 anos, você se emociona e chora com o fato de achar lindo não sobreviver mais sem uma bolsa grande onde caibam um livro, uma blusa #4 e um punhado de tampinhas de garrafa.

(e chora mesmo, depois de um dia tenso cheio de perguntas, birras, manhãs e conversinhas sérias)

que o final de semana seja ensolarado, mesmo que chuvoso.

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quinta-feira, 21 de março de 2013

Ele nasceu conehead, mas passou.

Então...
Estava eu pensando esses dias.
Será meu Deus que a maternidade perdeu a graça pra mim?
Será que eu nunca mais verei toda essa loucura com aqueles óculos coloridos?

Acontece que eu não tenho tido muito assunto pra vir falar aqui.
Fato que não sou radical em nada.
Fato que passeio hoje por uma boa quantia de ferramentas e redes sociais, o que faz com que eu acabe me perdendo, confesso.
Fato que estou com a vida agitadíssima, me adaptando a nova condição de mãetorista 100% da semana e de quebra a de empreendedora, com síndrome de "para o alto e avante".
Fato que imagino ser uma adaptação eterna e infinita.
Tudo ok...

Aí me peguei pensando num post pro blog ontem, despertado pela imagem que tenho nítida aqui, de que quando me via em trabalho de parto a um milhão de 6 horas só pensava se tinha lembrado de falar para o José que havia a possibilidade de Isaac nascer com a cabeça um tanto pontuda, caso todo o processo se estendesse.
Eu não pensava na dor, eu não pensava na rádio concorrente que tocava lá longe em algum lugar do centro cirúrgico, eu não pensava na minha mãe nem na minha barriga. Eu pensava no cone.

Pois bem.
Passada a euforia, a cheirada forte que dei no recém parido filho, o ódio que tive da pediatra que olhou pra mim, alí, toda tonta com a situação, sem saber se meu braço era o meu braço, minha perna, meu cérebro idem, riu e disse que eu poderia me mexer para tocá-lo. Lembro nitidamente de José me sorrindo e dizendo que ele tinha a cabeça em formato de cone.

Sei que essa cena, esse sorriso, essa fala podem ser fruto da minha imaginação. Sei sim. E não me vejo louca por isso.
Mas me entregar ao soninho pós cesárea tendo certeza de que José entendeu que seria normal tal formato geométrico e não que tínhamos parido um alien, me acalentou no momento. Peças pregadas pela própria consciência, a gente vê por aqui.

Confesso que ter um filho usando gorro eternamente não me incomodava mais do que um filho que tivesse dedos sobrando ou faltando (pesadelo gestacional, a gente viu por aqui), portanto conehead não era um problema pra mim. Até porque de tudo o que li na gravidez, o que lembro mesmo é que isso seria passageiro, caso acontecesse.

Bom,
eu não vou perder tempo procurando o nome científico, médico, hospitalar de tal fenômeno.
Fato que, quando voltamos pra casa com a cria, dois dias depois, cone não mais havia.
Fato que fiquei aliviada, lógico, mas passou.

E é aqui que chego no ponto.
Passou.
Passou talvez como tenha passado minha vontade de blogar.
Passou como talvez tenha passado toda aquela euforia sobre maternar, gerar, descobrir.
E talvez mesmo tenha passado porque eu me encontro no meio de um tornado educacional, complexo e cheio de vírgulas e explicações e consequências e psicologias.

Não sei.
Não sei nem se passou.
Se o tal momento sobre o cone ainda esteja aqui por algum motivo? Vai saber.
Se Freud não explica, quem sou eu?

Eu, essa que agora vive.
E vai e leva e busca e estressa e se decide e senta e chora.
E fica e abraça e se culpa e dá risada e analisa e engole a bronca e vive no meio da birra.
E permanece e entende que é fase e observa e se permite e erra e acerta e espera.
E tecla. Sem parar.

...



quarta-feira, 13 de março de 2013

Sobre a BUNDA

Isaac está numa fase doida.
Do um zilhão de palavras que ele fala por dia, metade delas representam a anatomia humana.
Não acho ruim.
É fase.
Está se descobrindo como homem, como ser. Com diferenças e necessidades.
Mas acontece que ele tem achado graça master em ser um Ari Toledo mirim.
Fala bunda, pipi, cocô, pum e pitica (apelido do órgão sexual feminino por aqui) aos quatro ventos.
Inventa músicas, frases, histórias.
Muda o nome das coisas e acrescenta bunda a todas as fonéticas possíveis.

Não fico brava. Só explico.
Falo que há lugares e momentos certos pra colocar as "bundas de fora".
Ele não entende não.
Acha um absurdo coisa tão natural "que todo mundo tem, né mamãe?", ter que ficar só dentro da cabeça da gente.

Eu não sou das bocas mais limpas desse planeta, mas ele não me vê falando da minha própria ou da bunda alheia assim, nas rodinhas e reuniões.
Mas sei que é o básico da idade.
Já convivi com outras crianças que, no auge dos seus 4 anos, gritavam BUNDA assim, como se fosse a melhor palavra do mundo a ser dita.

Já recebi olhares horrorizados.
Já fui vítima de bullying nas rodinhas de mães.
Já dei risada de tudo isso.
E já fui séria quando necessário.

Mas e aí?
Uma hora acaba, né?

...

sexta-feira, 8 de março de 2013

Do exemplo...

Que "criança vê criança repete" já estamos todos carecas de saber.

Mas é engraçado perceber isso no dia-a-dia, né?

Já ouvi do filhote as seguintes reprises do que eu mesma falo:

- Estou com enxaqueca.

- Pai amado! Que calor é esse?

- Sente, mamãe, que vento abençoado.

- Iron! Volte já aqui que eu vou dar um nó no seu pipi! (não, não torturamos animaizinhos, é só um jeito de demonstrar raivinha diante dos xixis pela casa)

- Afe!

- Você não me entende! Você realmente não me entende!

- Vou só dar uma descansada, tá?

E esses dias, me veio com a pérola plagiada, todo cheio de si. Achado que ia colar mesmo e eu ia ceder, deixando que ele almoçasse na sala, vendo tv:

- Olha mãe, como o papai não vem almoçar, a gente almoça na sala e assim deixa as meninas livres pra adiantar o serviço...

Mereço?
Mereço.

...


segunda-feira, 4 de março de 2013

da curiosidade (dele e minha)

Das fases dessa vida.
Isaac está então naquelas de saber de tudo.
E não é a tal fase do porquê.
Ele quer saber como as coisas funcionam, como o tempo age na vida das pessoas, como os remédios curam, como a água é líquida, como a espuma do sabão se forma, se há o pause na brincadeira como no filme, onde estão as pessoas que já morreram, se papai do céu está vivo ou morto, como menino é menino e menina é menina, etc, etc, etc, infinitos etc...

Vamos então tentando responder tudo, da melhor maneira que podemos, em jeito e vocabulário próprios para a idade da cria.

O mais interessante é que quando nós queremos saber de onde vem tal atitude ou pergunta ele responde até onde quer e depois se blinda com um simples "eu não lembro".
E se fecha.
Nós?
Ficamos chupando o dedo.

Mas a curiosidade e o espírito explorador não param por aí.
Quando tocamos em algum assunto, ele fica meio desconfiado, responde até onde quer, mas longe de deixar quieto espera um tempo.
Espera e logo vem com a questão "mas porque você estava falando daquilo comigo?".
Oportunidade para retomar a conversa, o assunto, o papinho?
Sim.
Até onde ele quiser que o papinho vá.

Ufa...


sexta-feira, 1 de março de 2013

Quem manda em mim?

Isaac, com seus 4 anos e meio já tem certeza absoluta que é dono do próprio nariz.
Toma suas decisões, tem suas preferências e não se abala com nenhuma variação da palavra não.

... só que não...

Ele até pensa que manda no mundo, mas sabe bem que não é assim que a banda toca.
Damos a ele total poder de escolha, mas com os vetos que nos cabem.
Ele sabe disso, mas sofre, sofre, sofre quando suas vontades não são atendidas.

Argumenta, questiona, cansa, mas dar o braço a torcer é o mesmo que a morte.
Bufa, chora, esperneia, faz show e encena o dramalhão perguntando "porqueeeeeee?" com as mãos na cabeça.

Já entrou numas de enumerar quem manda em quê.
Já quase desencadeou guerra familiar dizendo que um manda mais que o outro lá em casa.
Já tentou muito mandar na gente, nos cachorros, em tudo.

Outro dia fico desconfiada ao ouvir o som do silêncio.

- Isaac! Tá tudo bem por aí?

- hã hã.

- E o que você está fazendo?

- Assistindo um filminho.

Como assim?

Chegou da escola, tirou a camiseta, foi pra sala, ligou a tv, se esticou no sofá e zero satisfação.
Aproveitei para um momento "calma lá meu filho".
Expliquei que as coisas não funcionam desta maneira.
Isaac sabe muito bem que tem hora pra assistir tv, que devemos aprovar ou não o que ele vai assistir.
Blá, blá, blá, televisão demais não é bacana, há programas que não são feitos para crianças da sua idade, blá, blá, blá...
Ele virou os olhos, emburrou.
E mandou, bem na minha cara:

- Tá. Você quer então que eu desligue agora ou não?

Oh! Adolescência! O que guarda para mim????

...


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