terça-feira, 22 de março de 2016

Bruxelas

Isaac faz uma vista rápida a avó onde a TV notíciava os atentados em Bruxelas.
De longe observei ele atento às legendas e imagens.
Fiquei alí, só me preparando para o zilhão de perguntas que brotariam a seguir.
Ele ficou quieto, um tanto chateado, nem esboçou dúvidas sobre o ocorrido.
Ao entrar no carro...
(Ah, o carro, nosso ninho psico-paradoxo-estranho de conversas mil)

- mãe, o que é Bruxelas?

- Bruxelas é uma cidade que fica num país chamado Bélgica.

- couve de Bruxelas?

- também.

Silêncio. Danou-se.

- mãe, eu acho que eu tenho DNA de inseto.

- sério? Pq?

- então, a mosca não vai direto na luz da televisão?

- sim.

- isso! Eu não conseguia tirar os olhos da TV e ver aquelas coisas que aconteceram em Bruxelas.

Meu coração moeu-se.
Realidade dura e feia essa.
Inexplicável.
Imagina então encontrar didática para falar de tal assunto?
Eu?
Fiquei alí.
Olhei bem nos olhos dele e perguntei se ele tinha entendido bem o que tinha acontecido.
Isaac fez a cara mais triste do mundo.
Não me deixou dúvidas sobre o seu sim.

- também ha esse tipo de vilão hoje no mundo, filho.

- os que explodem?

- sim. E como vc viu, no meio de um monte de gente inocente.

Um suspiro fundo.
Uma decepção com o real.

- mama, então eu acho que deviam passar essas notícias ruins só em "bruxelês", aí a gente não ia entender.

Faz sentido.
Às vezes, muito.


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