Caras e Cores

Acontece que maridex é descendente de árabes.

E ter um filho é coisa importante pra qualquer raça. Com uns parênteses pelo meio do caminho, mas é.

Adoro fuçar fotos. Novas e antigas. Mania que sempre me faz relembrar muitos acontecimentos, e ter idéias, lógico.

Junte tudo isso e sente que lá vem história...

Quando engravidamos e vimos que a coisa ia dar certo amém, nenê com saúde, feto crescendo dentro do esperado, doutor feliz com a saúde da mãe e tals, o que nos restava era esperar para ver o sexo da criaturinha.

Outro fato é que o folclore brasileiro é milenar e fortíssimo. Todo mundo que me olhava dizia que ia ser menina. Quem se aproximava já vinha perguntando pelo nome da minA filhA. Qualquer um que arriscasse, simpatia, bolão, noves fora, mapa astral, diziam que ia ser menina.

Soma-se isso a um bebezinho teimoso que não deixava que suas partes íntimas fossem expostas.

Escolhemos o nome. Eu escolhi. Isadora. Pronto.

Já me pus a imaginar entre lilás e cor de rosa, bonecas, rendinhas e laçinhos. Apavorei.

Mas sempre tinha uma coisinha me cutucando. Sabe daquelas que mandam você colocar o pé no freio?

Tá, mas isso é assunto pra outro post...

E logo - assim, no sexto mês de gestação - que Isaac nos deixou ver seu passarinho é que tudo mudou de forma.

A noticia do É MENINO já aguçou em um tanto a imaginação familiar.

Oras, neto de árabes, esse menino vai nascer de pele morena, sombrancelhas grossas, narizinho típico e cabelo escuro.

"Não falei pra Carol que a asia era por causa do cabelo grosso?" cheguei a ouvir de uma tia.

E um mês depois, meu filho apressado cansou de ter os pés sob as minhas costelas e veio ao mundo.

É. Veio.

E só pra contrariar a crendice e a sabedoria popular milenar, nasceu homem.

E só pra contrariar a ciência, nasceu prematuro.

E só pra contrariar as estatísticas, não precisou de incubadora, nem UTI, nem banho de luz.

E só pra contrariar sabe lá Deus o quê, nasceu ruivo, branco como cêra e a cara da mamãe.

Tenho uma amiga, a Vera, linda que só ela, que quando conheceu meu filhote, repetiu N vezes a frase "Menina, você é raçuda!". Tal o susto de ver que o filhote não tinha traços árabes.

Sei que maridex vai gostar menos que de costume desse post. Sei que segurar um bebezico tão branco pareceu incomum a grande parte das visitas queridas. Mas acontece.

Faz parte da grande loteria genética onde somos as bolinhas. Numeradas ou não.

E eu tenho me sentido bolinha, viu? Que coisa...

Eu acho Isaac uma mistura boa.

Já demostra bastante coisa que absorveu de nós dois, que herdou, que é "de pai e mãe".

Tem gente que fala que ele é a minha cara com o jeito do papai.

Outros dizem que lembra muito o pai. Que tem a boca e os olhos dele.

Alguns falam que se eu tivesse o tal passarinho, seria igual ao meu também.

Amigos e chegados demarcam traços meus e do maridex.

Minha mãe chama Isaac de "cara de pai".

Mas a minha irmã, muito sábia e politicamente, diz que Isaac é

A cara do pai com as cores da mãe.

E eu adoro a definição.

Simples assim.

Ótimo final de semana para todos nós.

Seja lá com que cara, com que cor, com que jeito.

Mas que seja ótimo